Crónica de um Professor: Natal na Escola
Maria Donzília Almeida
Eram os últimos dias do 1º período escolar. No amplo espaço da entrada, apresentava-se uma colecção de árvores ecológicas que davam o toque da época. Era uma demonstração pedagógica, já que os alunos as haviam construído com materiais reciclados. Simbolizavam a árvore de Natal, que ganhou preponderância nos tempos modernos, destronando assim o presépio, quase esquecido. Antigamente, por estas bandas, fazia-se o presépio com musgo, a simular os caminhos sinuosos e as figurinhas de barro que lhe davam beleza e encantamento.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades e é ver hoje a árvore de Natal a conquistar a supremacia. Também as luzinhas multicores que abundam por aí, a ornamentar as fachadas das moradias, exibem o colorido multicor, a rivalizar com a alvura imaculada da neve, que cobre as terras altas. No litoral é a geada que envolve com o seu manto branco, as terras cultivadas ou em pousio.
Na Escola também é lembrada esta festividade, em campanhas de recolha de géneros alimentícios, para distribuir pelos mais desfavorecidos. A nível nacional, um grupo que raramente é lembrad, veio para a ribalta e ganhou foros de notoriedade. São os sem abrigo, que nesta altura do ano, são lembrados insistentemente, nos telejornais, para conhecimento de todos. Houve inclusivamente uma experiência feita por dois jornalistas que partilharam, in loco, a vida daqueles infelizes. A nível político, tem sido feito algum aproveitamento, que até originou uma querela entre o Presidente da República e o 1º Ministro.
Depois destes acontecimentos, espera-se que ninguém queira enveredar por este tipo de vida, só para sair do anonimato.
Como disse atrás, também na Escola e na aula de Inglês, foi dada informação aos alunos, sobre o vocabulário relativo ao Natal. Numa ficha, com carácter lúdico, incluindo jogos e puzzles, os meninos ouviram falar de pai natal, árvore de Natal, bolas, estrelas. velinhas, presentes, etc
No decurso da realização da ficha, o “arcanjo” V. Gabriel abeira-se da professora e sussurra: Também se devia falar, aqui, do Jesus! Vindo daquela criança, tão pura, tão bem formada, não causou qualquer espanto à professora. Esta enterneceu-se e ao mesmo tempo penitenciou-se por aquela falha. Sendo o Menino Jesus a personagem principal do Natal, é imperdoável que não se faça referência a Ele. Não era Ele que no século passado trazia as prendinhas às crianças, alimentando a fantasia que os pais lhes criavam? Ou será que as novas tecnologias relegaram para outro plano esta figura da nossa religião? Restituamos ao Menino Jesus o lugar que Ele merece
20.12.2010