D. Manuel Trindade Salgueiro
a pesca do bacalhau como poucos
A rua D. Manuel Trindade Salgueiro presta homenagem a um grande ilhavense, que ocupou altos cargos na hierarquia da Igreja Católica. A rua sai do centro da Cale da Vila e liga-nos à Gafanha de Aquém, a caminho de Ílhavo, sede do concelho. Com ria do lado esquerdo à vista, em alguns pontos, tem a Mata Nacional à direita. Casario dum lado e doutro, na área da vila propriamente dita, tem grande movimento.
Por força das estratégias relacionadas com a circulação do trânsito, deixou de nos levar directamente para a Gafanha de Aquém, obrigando-nos a um desvio ainda um pouco confuso para a retomarmos mais adiante.
Esta é seguramente uma das mais antigas vias da nossa terra, fundamental para a ligação à sede do concelho. Pugnou por ela o nosso Prior Sardo, aquando da sua passagem pela Câmara Municipal, como vice-presidente da autarquia.
Em 27 de Março de 1909, o nosso primeiro prior assume a presidência, por Alberto Ferreira Pinto Basto, presidente da CMI, ter sido nomeado Administrador interino do Concelho de Vagos. E em 24 de Abril do mesmo ano, a autarquia pede à Câmara dos Deputados o terço do custo das estradas de Ílhavo à Costa Nova e da Gafanha de Aquém à Cale da Vila, que lhe é devida por lei de 15 de Julho de 1862. A CMI autorizou, também, o pagamento das despesas feitas com a construção da mesma estrada da Gafanha de Aquém à Cale da Vila, na importância de 5500 réis.
No referido ano de 1909, continuaram os pagamentos durante os meses de Maio a Julho, num total de 81 560 réis.
D. Manuel Trindade Salgueiro nasceu em Ílhavo em 1898, no seio de uma família pobre e «cedo se distinguiu pelos seus dotes intelectuais entrando para o Seminário de Coimbra onde seguiu a carreira eclesiástica», como refere Senos da Fonseca no seu livro “Ílhavo – Ensaio Monográfico”. Pelas suas origens, penso que entendia a pesca do bacalhau como poucos.
O autor ilhavense sublinha ainda que D. Manuel Trindade Salgueiro foi pregador da Sé de Coimbra, professor do seminário, Bispo de Mitilene e Arcebispo de Évora. Ainda foi capelão para os Navegantes e membro da Academia das Ciências. Publicou livros e faleceu na sua terra natal em 20 de Setembro de 1965. Tem uma estátua no Jardim Henriqueta Maia, na chamada praça do bispo.
Fernando Martins