O Processo Casa Pia ainda não chegou ao fim. Ninguém sabe quando acabará ou se acabará. O mundo mediático quase não tem feito outra coisa. Foram condenados seis dos sete arguidos, mas, pelo que se ouve, não há ninguém, em consciência, que possa admitir de que lado está a verdade plena, absoluta.
Os condenados clamam a sua inocência, os jovens abusados persistem na sua verdade. Os juízes declaram as suas certezas ou convicções.
Para os primeiros, os casapianos não passam de uns mentirosos, considerando-se aqueles os únicos que falam verdade. O homem comum, que gostaria de uma Justiça bem estruturada e mais célere, apenas confirma que em Portugal estamos longe de acertar o passo com um Poder Judicial organizado e com capacidade para aplicar as leis, com igualdade e imparcialidade, a todos os cidadãos. O estado de coisas a este nível é chocante. As alterações aos códigos tornam-se constantes, prova evidente de que os mesmos foram elaborados por legisladores incompetentes (O Procurador-Geral da República disse há tempos que alguns nem as vírgulas sabem aplicar). Se não temos legisladores competentes, por que razão não vamos contratá-los onde os houver?
Se no banco dos réus estivesse gente pobre, o Processo Casa Pia há muito estaria concluído; como não aconteceu isso, é quase garantido que ninguém pode imaginar quando é que os abusadores (segundo o tribunal) cumprirão as penas a que foram condenados.
As vítimas, de que, afinal, poucos falam, são realidade penso que indiscutível e a necesitarem de apoios para que se integrem na sociedade, que tem para com elas dívidas incalculáveis. Mas será que alguém estará disposto a olhar os casapianos abusados como eles merecem e precisam?
FM