Natividade
Maria Donzília Almeida
Voltou a ser palco de mais um acontecimento invulgar, a Quinta das Covadas, mais precisamente no seu bosque ensolarado. De facto, no dia 17 de Agosto, uma cria-turinha de palmo e meio veio à luz do mundo, fazendo as delícias dos donos e o enlevo da jovem mãe.
Quando se encarregava da distribuição de provisões e água aos pais, deparou a dona com uma coisa enroscada no chão, que à primeira vista lhe pareceu um gato. Depressa a sua vista lhe devolveu a imagem duma cabrinha anã, que acabara de nascer naquele momento. A mãe, surpreendentemente e ao contrário dos humanos que têm auxiliares, passou o trabalho de parto sozinha, conseguindo na perfeição pôr a cria neste mundo, sã e salva. Só o tamanho da criaturinha já desperta, no ser humano, uma ternura muito genuína, mas quando assistimos a este milagre... acabada de nascer, ergue-se logo nas patinhas frágeis e começa a andar. Que graciosidade, que leveza, ali contida neste quadro de tão rústica beleza! O Homem, tão sábio e inteligente, demora cerca de um ano a ganhar força nas suas pernas, para cometer a mesma proeza!
Dois dias após esta “efeméride”, mãe e filha passeiam-se já no bosque, comendo aqui, petiscando ali........a filha dada a sua tenra idade usufrui do precioso néctar, o leite de cabra, que a mãe lhe reserva no úbere intumescido, um biberão ali, sempre à mão para aquela boquinha minúscula. Ambicionado por tanta gente devido às suas características especiais, há ali um verdadeiro manancial.
Sobre o leite de cabra há a salientar o grande número das suas virtudes: ser de absorção mais rápida; conter menos lactose o que o torna mais bem tolerado pelas crianças; ser menos alérgico que o leite de vaca; ser refractário à tuberculose.
Só por curiosidade, reza a história que a rainha do Egipto que subiu ao trono com dezassete anos, se banhava em leite de cabra para manter a beleza e a frescura da pele. Afirmava que era muito hidratante e dava à cútis o brilho e a nutrição que faziam dela uma mulher de exótica beleza.
Só para finalizar, informo que a criaturinha ainda não foi baptizada, pelo que se aceitam palpites, para além dos que a família que anda em alto mar, trará aquando da sua visita à parturiente.
19.08.10