A MACIEIRA
A
meus tios
Manuel Facica e Maria dos Prazeres
Caríssima/o:
a. Quem não está pendente dos hipermercados começa a apreciar as primeiras maçãs... No nosso quintal, as primeiríssimas vêm dum enxerto da macieira que está na imagem. Tinha o tronco inclinado e os rapazes, quando aprenderam a andar de bicicleta, descobriram que podiam subir por essa rampa convidativa... não tem conta as vezes que eles caíram, mas nunca desistiam...e tantas subiram que a pobrezinha deitou-se de vez! Conseguiu-se arranjar um garfo que enxertado numa outra pegou e agora produz abundantemente; não são muito doces, mas são as que amadurecem mais cedo!
Temos mais macieiras e, para além desta, há uma outra especial: maçãs vermelhinhas de polpa branca e macia: é a macieira da Avó!
e. Nos dias que vão correndo, os nossos netos não têm a noção das “estações” mas no quintal, a seguir às ameixas colhem maçãs e pêras, e logo os figos... mais tarde os quivis. Como acontecia noutros tempos na nossa Gafanha pois as fruteiras eram poucas mas era nelas que podíamos colher para apreciar um ou outro fruto que surgia, quase sempre, como «proibido»... o que valia era a agilidade e a velocidade nas pernas...
i. Fiquemos agora com um pouco de “botânica”:
A maçã teve a sua origem na Ásia, provavelmente entre a China e a Rússia. Pertence à família Rosaceae ( o morango e a rosa são da mesma família ). Acontece que nesta família, algumas vezes a maneira pela qual o fruto se forma, é um pouco diferente. Por definição, fruto é a estrutura que se origina a partir do ovário da flor. No caso da maçã e da pêra, também o ovário forma apenas a parte central da “fruta”, aquela que nós não comemos, ou seja, da maçã normalmente come-se tudo, menos a verdadeira fruta. A parte carnosa que é comida, é formada pelo receptáculo floral, que cresce e acaba por envolver o verdadeiro fruto.
Existem outros tipos de frutos falsos, como o abacaxi, o caju, o morango, assim como frutos verdadeiros que não são designados como tal, como por exemplo a beringela e o tomate.
o. A maçã é um alimento importante para uma alimentação saudável. O seu consumo regular (2 frutos por dia) ajuda a: manter um peso adequado, proteger das doenças cardiovasculares, regular os níveis de colesterol, diminuir o risco de diabetes, melhorar a função digestiva e respiratória e prevenir alguns tipos de cancro.
u. Ultimamente a maçã tem dado aso a manifestações festivas, como a «Feira da Maçã ‘Bravo de Esmolfe’», a «Festa da Macieira em Flor» e outras.
Quem não conhece a maçã da Eva e que ela repartiu com o Adão?
E a maçã do Newton? Bem, talvez seja melhor recordar que “segundo uma história frequentemente contada, o matemático inglês estava preocupado com os movimentos dos planetas e as forças que os mantêm em órbita. Um dia, ao ver uma maçã cair à sua frente [há quem diga que a maçã lhe caiu em cima da cabeça...], terá perguntado: «Será que a força que atrai a maçã para a Terra pode ser a mesma que mantém a Lua em órbita?» Esta pergunta tê-lo-ia levado a fazer as contas e a formular a Lei da Atracção Universal.”
E a maçã que Guilherme Tell colocou em cima da cabeça do seu filho e que ele furou (a maçã!...) com a sua seta?!...
Miguel Torga escreveu:
“Este é o poema duma macieira.
Quem quiser lê-lo,
Quem quiser vê-lo,
Venha olhá-lo daqui a tarde inteira.
Floriu assim pela primeira vez.
Deu-lhe um sol de noivado,
E toda a virgindade se desfez
Neste lirismo fecundado.
São dois braços abertos de brancura;
Mas em redor
Não há coisa mais pura
Nem promessa maior”.
Manuel