quinta-feira, 1 de julho de 2010

Exemplos eloquentes de voluntariado social


Terras dos Sonhos, Peregrinação dos Frágeis,
Lugar dos Afectos

António Marcelino


No vazio de um longo Inverno que se prolonga no Verão, entre egoísmos e indiferenças, surgem exemplos eloquentes de voluntariado social e de solidariedade humana, nascidos do coração e ditados pelo amor. Há sempre gente que sabe que a vida de quem nada faz pelos outros, não merece chamar-se vida.
Numa manhã de Domingo, depararam-se em catadupa, sobre mim, três oásis, feitos generosidade, onde os outros, os mais feridos da vida, têm lugar de honra.
A Terra dos Sonhos é uma instituição, nascida no norte do distrito, que ajuda a ver o positivo das coisas e das pessoas. Fá-lo com acções que traduzem respeito e vida, porque de palavras fáceis nada se pode esperar.
A Peregrinação dos Frágeis foi iniciativa surgida na cidade do Porto. Juntou milhares de pessoas doentes e com deficiências graves a quem se vai ensinando todos os dias que ninguém é inútil, ninguém pode dar por terminado o seu crescimento pessoal e as suas possibilidades. A vontade e a fé deitam abaixo todos os muros mutiladores da vida.
O Lugar dos Afectos, em Eixo, aqui ao lado de Aveiro, é o saber, a intuição e a arte postos ao serviço de crianças, jovens e adultos que ali acorrem de todo o lado. A vidas empurradas pelas ilusões que o mundo oferece, há que dizer com beleza a riqueza dos afectos que traduzem amor e dão sentido a quem quer ser, crescer e viver, de modo integral, com equilíbrio e alegria, liberdade e paz.
Agora, a página negra que não devia existir nestas coisas. Quando se trata de instituições, os poderes públicos vão, vêem e até dão parabéns. Mas não ajudam, nem estimulam. Muito menos agora que a crise justifica tudo. Do mesmo modo, quem tem dinheiro mais pensa em aumentá-lo do que em distribui-lo, mais atende a prazos do que a gestos de bem-fazer.
E os voluntários benévolos, sonhadores incorrigíveis, metem-se nestas andanças, dão a vida e os bens, o tempo e a saúde, o saber e o trabalho. Um dia mais tarde, talvez os condecorem. Agora, crucificam-nos.

Fonte: Correio do Vouga

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