na prática docente
Por Maria Donzília Almeida
Com este tempo invernoso que parece ter chegado para se instalar, de vez, cria-se nos espíritos mais sensíveis, um estado de melancolia, algo incómodo.
Para contrariar os efeitos nefastos desta situação, traz-se à memória a evocação de momentos agradáveis, nesta prática docente.
Ainda sobre as tão badaladas aulas de substituição, que com o surto das gripes têm aumentado, recordo aquele episódio ocorrido algum tempo atrás.
É de referir pela enésima vez que nenhum aluno aceita de bom grado, as aulas de substituição. É um tempo que na opinião das crianças, seria utilizado para mais umas brincadeiras, um convívio em espaço aberto e uma descompressão de energias.
Dirigia-se para a tal turma de gente miúda, a iniciar este ano a frequência daquela escola, quando, inesperadamente, contra todas as expectativas, ouve uma salva de palmas. Não querendo acreditar no que ouvira, entrou na sala e ouviu o comentário: Esta s’ôra é fixe!
Socorreu-se da sua memória já cansada, para evocar que estratégias pedagógicas, que prodígios de didáctica utilizara para alcançar tais níveis de popularidade! Se é verdade que as crianças na sua ingenuidade e candura não mentem, deram ali sinais concretos da avaliação que fazem do professor, num contexto tão hostil como são aquelas aulas. Dava vontade que estivessem ali os senhores do poder, para constatarem a realidade viva das nossas escolas.
Se levava o coração oprimido, pelo tempo cinzento e pela meteorologia da vida, um raio de sol abriu aquela escuridão... e sorriu com uma alegria genuína, prenunciando outros agradáveis momentos que aquele dia lhe iria proporcionar.
Surpreendida com aquela inesperada e rara atitude, inquiriu sobre a D.T. (Directora de Turma) daquela turma especial. Teria que dispensar o merecido elogio, a uma tão privilegiada criatura. Não é todos os dias que um professor substituto tem honras de tão amistosa recepção.