Casamento gay
Sem pretender atirar mais uma acha para a fogueira, ou deitar água na fervura, de um tema tão quente e que está na ordem do dia, ocorreu-me fazer alguma reflexão.
Há já muito tempo, que o casamento entre pessoas do mesmo sexo está em debate aceso, tendo já feito correr rios de tinta e abrasado os espíritos mais inflamados.
Ainda bem que ontem foram assinados acordos entre o Ministério de Educação e os sindicatos, o que tendo acontecido veio aplacar os ânimos exaltados dos Professores e serenado os mais belicosos da classe. Fora isto, ganharia foros de exclusividade na Assembleia da República tendo ultrapassado assuntos e problemas de que enferma a sociedade portuguesa: desemprego, pobreza, vandalismo, marginalidade e até violência doméstica. Aqui, calam-se as estatísticas e apenas é dada visibilidade aos casos pontuais que emergem dos recônditos da sociedade. Quando algum caso gritante vem a lume, é escalpelizado nos jornais diários, a população estremece, comenta, protesta, mas vai dormir o sono dos justos, como se nada se passasse ao lado.
O tema referido em epígrafe, teve o dom de mobilizar tudo e todos.
Parece que Portugal está perante o problema mais premente de todos os tempos — o casamento!
Desde sempre que ouvi falar nesta instituição social e revestia-se de tal importância que o compromisso era selado por duas vias: a civil e a religiosa. Com o evoluir dos tempos e a democratização(!?) da sociedade o casamento religioso tem vindo a perder terreno, acompanhando assim, a laicização da sociedade. A par com o decréscimo do casamento religioso, também o civil foi diminuindo, sendo cada vez menor o número de casais que celebra o seu compromisso afectivo, de forma institucionalizada.
Ora se isto acontecia nos casais heterossexuais, que desde tempos imemoriais se habituaram a dar uma satisfação à sociedade, sobre os seus relacionamentos afectivos e efectivos, e agora isso está a decair, surge um paradoxo. Porquê esta febre acerca da legitimação das uniões homossexuais, se eles continuam a existir e são aceites pela maioria do povo? Será que esta necessidade tão pretendida irá acarretar algum benefício à qualidade de vida desta franja da população? Parece que do lado oposto da barricada, nos heterossexuais, não há essa preocupação na opção que fazem de viver juntos, sem papéis. E quando há a possibilidade de ter filhos, nem isso os demove das suas escolhas de vida em comum.
Apesar da contestação por alguns sectores mais conservadores da sociedade, deste vanguardismo ideológico, o que se passa é que tantos os heterossexuais como os homossexuais continuam a fazer a sua vidinha, regidos pelos seus próprios princípios, alheios às normas e às imposições da moral tradicional.
M.ª Donzília Almeida
08.01.10