sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Abri a minha agenda para assumir o tempo como dom de Deus que se faz história


S. João de Deus

AGENDA ABERTA

Abri a agenda de 2010 animado pela melhor confiança. E alguma inquietação expectante.
O futuro corre veloz e torna-se presente. Espaços em branco aguardam o horário laboral a ser oportunamente concretizado. Notas de rodapé fazem memória de pessoas e eventos históricos, situando-me na corrente dinâmica do tempo.
Logo no dia um, vem a aprovação, em 1571, da Ordem Hospitaleira dos Irmãos de São João de Deus que se dedica às pessoas com deficiências mentais profundas e a informação sobre o violento sismo nos Açores, em 1980. Numa coluna lateral, surgem “dicas” para reflexões pessoais, como a de Nossa Senhora no roteiro da paz dos povos. No cimo de cada página, indicam-se os dias da semana e o que de mais importante a liturgia celebra como maravilha de Deus e glória da humanidade.
Esta moldura ajuda-me a ir dando forma à minha agenda. Oferece-me as referências mais consistentes para me saber situar e dar sentido à minha vida. Ao ritmo de cada dia, irei escrevendo a parte visível da minha história: o uso do tempo, as prioridades destacadas, os compromissos assumidos, os encontros realizados, as experiências marcantes, os sonhos idealizados que tiverem de ser adiados, as horas de escuta da consciência e o acerto com as suas chamadas de atenção.


O tempo, na sua densidade, apresenta-se como um tempo aberto aos horizontes ilimitados dos meus sonhos. Posso usá-lo de modos diferentes: adoptar uma atitude passiva própria de quem vive “fora de época”, ser mero consumidor das horas fugidias que se escapam, apesar das marcas indeléveis que sempre deixarão, estar consciente do desafio que me lança e, sabendo que constitui um bem escasso e único, valorizá-lo da melhor forma, adoptando uma atitude assertiva na vida.
Valorizar o tempo é saber aproveitar as ricas oportunidades que comporta. Para a realização de cada pessoa. Para a humanização da sociedade. Para a construção do bem de “nós” como um todo. Para o encontro amigável com Deus que, connosco, peregrina nos caminhos da história e nos deixa as suas pegadas na criação e na cultura para O podermos procurar mais intensamente. Para a sementeira do amanhã que desabrocha na plenitude da eternidade.
Abri a minha agenda para assumir o tempo como dom de Deus que se faz história, a partir das minhas opções. Quero dar-lhe a resposta adequada e ir mais longe, alargando os limites do possível; estar atento ao que me rodeia e erguer o olhar para ver ao largo; discernir os sinais emergentes e impulsionar os seus dinamismos positivos; arranjar tempo para mim sem esquecer os outros, sobretudo os que me são mais próximos e amigos.
Agenda 2010, o registo da vida em que Deus e eu somos protagonistas com o apoio de tantos outros, irmãos em humanidade e na fé. A minha mão faz as letras, mas quem escreve e conhece o sentido pleno do texto é Deus. A Ele pertence o tempo e a eternidade, agora e para sempre!

Georgino Rocha

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