Dos fins aos princípios
1. Não é novidade que diante da tempestade é que se dá valor à bonança ou que quando estamos doentes é que damos mais valor à saúde. Esta experiência adquirida da vida diária haveria de ser transferida para patamares da ordem da saúde global dos grandes valores. Sendo interessante, não será necessário aprofundar obras paradigmáticas como «O fim da história e o último homem» (1992) de Francis Fukuyama ou a sua resposta no ensaio «O choque de civilizações e a recomposição da nova ordem mundial» (1996) de Samuel Huntington para nos apercebermos de que a temática da mudança de paradigmas pode ser comparada a um “fim” que abre novas janelas de compreensão de tudo o que nos rodeia. Não por se estar em final de ano 2009, mas se fizermos o corajoso exercício de nos situarmos nos diversos fins que poderão existir em termos pessoais, sociais ou globais, chegamos à conclusão de que é urgente relativizamos os acessórios e valorizarmos os grandes princípios.
2. Vem esta breve nota de reflexão a propósito do “vai-e-vem” que temos assistido na decisiva Cimeira de Copenhaga, acerca da questão inadiável da coragem em assumir medidas no que se refere às questões do ambiente. Torna-se complexa a aprendizagem deste exercício de considerar que é importante o pensar a sério sobre a sobrevivência da Humanidade, de ler como possibilidade que não é só “cinema” o que imensos documentários mostram como apelo ao arrepio enquanto há algum tempo. Cada vez mais que vamos observando que os grandes problemas (e os mais importantes situam-se nos terrenos dos “fins”) precisam de um olhar cruzado de todos os saberes (comprove-se a interdisciplinaridade assumida nas gerontologias…!), assim também sendo os pareceres técnicos fundamentais e decisivos para decisões políticas conscientes, a verdade é que os índices de SABEDORIA humana, serão o elo capaz de gerar o consenso salvador.
3. Sempre que se enaltece algum sentido acusatório (na Cimeira: pobres versus ricos), estamos longe da urgente (cons)ciência COMUM!
Alexandre Cruz