terça-feira, 17 de novembro de 2009

Fundamentalismos não ficam bem em campo nenhum



Dia Mundial do não Fumador

Encontrar um lugar para tomar uma refeição frugal, num grande centro comercial, à hora do almoço, é como encontrar agulha em palheiro.  Era isso que procurava, ali, em vão, já que uma multidão de famintos ocupava todos os lugares disponíveis. Foi então que veio à mente a hipótese de se sentarem numa mesa, com dois lugares já ocupados, mas com dois ainda livres. A intimidade seria quebrada, e a hora da refeição não seria aquele momento mágico de privacidade que tanto se deseja, no quotidiano agitado dum cidadão. Mesmo assim arriscou a pedir, delicadamente, permissão de se sentar, ao lado daquelas duas senhoras, que simpática e prontamente anuíram
Dado que já estavam num ponto mais adiantado da refeição, enquanto nós havíamos começado há pouco, uma das comensais puxa por um cigarro e começa a fumar.
Ainda não se tinha demarcado, nos restaurantes, a zona de fumadores da zona dos não fumadores pelo que continuavam a coexistir as duas espécies de utentes. A pessoa que me acompanhava, sem dizer uma palavra, num silêncio condenatório, pegou no prato e mudou-se para outra mesa. Eu permaneci até ao fim, ao lado das senhoras que generosamente nos haviam facultado a partilha da mesa, apesar de sermos ilustres desconhecidos. Não vou aqui alongar-me em considerações sobre os malefícios do tabaco, sobre o respeito que devemos ter uns pelos outros, pois é do conhecimento comum e o assunto deve ser tratado por especialistas na matéria.
O que se me apraz comentar é que em tudo deve prevalecer o bom senso e que fundamentalismos em qualquer campo são de rejeitar.
Tenho bons amigos fumadores e apesar de ser não fumadora, não faço cavalo de batalha disso, pois todos nós temos falhas. Imperfeições e os nossos pequenos vícios. Felizmente que a legislação portuguesa tomou o assunto em suas mãos e defende os direitos de cada um. Pessoalmente, acho que os fumadores não têm qualquer peçonha e não é por isso que vou deixar de conviver com eles. Haverá alguns que são pessoas muito válidas e que têm muito mais riqueza do que eu que sou uma não fumadores, não militante. Fundamentalismos não ficam bem em campo nenhum e... tolerarmo-nos uns aos outros só atestará a nosso favor. E.. não há tanta gente a viver à custa do tabaco comprado e consumido pelos fumadores?

M.ª Donzília Almeida

16.11.09

1 comentário:

  1. A lei do tabaco foi uma das poucas coisas bem feitas em Portugal nos últimos tempos. Ao Dr Francisco George deixo os meus parabéns pelo empenho que votou em tal medida e que bom seria que outros politicos lhe seguissem o exemplo.Eu também tolero os fumadores e até os aprecio se não me incomodarem. A fumadora não estaria a prevaricar e a autora tem toda a liberdade de optar pelo que mais lhe convem sem merecer nenhuma medalha por isso. Caso contrário a fumadora deveria ser alertada da sua falta. Com tolerâncias nunca se tinha conseguido nada que protegesse os não fumadores. Falando agora da gente que vive à custa do tabaco não esqueça médicos, enfermeiros e dum modo geral todos os contribuintes que vêem uma grossa fatia dos seus descontos ser canalizada para tratamento de doenças provocadas pelo tabaco.

    Cumprimentos

    JM

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