NO BICO (MURTOSA) CONSTRÓI-SE
O “MARIA DAS FLORES”
Caríssimo/a:
1946 - «Os arrastões que compunham a frota de 1946 eram os seguintes: SANTA JOANA e SANTA PRINCESA, da praça de Aveiro, e JOÃO CORTE REAL, ÁLVARO MARTINS HOMEM, JOÃO ÁLVARES FAGUNDES e PEDRO BARCELOS, pertencentes à praça de Lisboa. Os arrastões que compunham a frota do final da década de quarenta, possuíam todos TSF, radar, radiogoniómetro e instalações consideradas como boas e confortáveis para a tripulação.» [Oc45, 119, n. 9]
«No período pós-guerra verificou-se uma abertura às construções em estaleiros estrangeiros. [p. 119, n. 10] Nos últimos anos da década de quarenta, chegaram a Portugal navios destinados à pesca do bacalhau provenientes de estaleiros de Inglaterra, Holanda e Itália. Entre as muitas unidades provenientes desses estaleiros, destacam-se os navios de pesca à linha CONCEIÇÃO VILARINHO, SERNACHE, VAZ, e os arrastões PÁDUA, CONCEIÇÃO VILARINHO, SANTO ANDRÉ, SANTA MAFALDA, ANTÓNIO PASCOAL e SOTO-MAIOR.» [Oc45, 114]
«Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo são fundados em 1946, por iniciativa dos armadores Vasco de Albuquerque d'Orey e João Alves Cerqueira. Em 1948 apresentaram as primeiras embarcações destinadas à pesca do bacalhau.» [Oc45, 119, n. 11]
«Referindo-se ao processo de renovação da frota bacalhoeira, o Jornal do Pescador constatava: “renasceu a construção naval” na Murtosa. O mestre José Maria Lopes de Almeida, por encomenda do industrial e proprietário dos estaleiros do Bico da Murtosa, João Carlos Tavares, concluía em 1946 a construção do lugre de madeira de três mastros, o MARIA DAS FLORES, que viria a participar na campanha desse mesmo ano, ao serviço da Empresa Comercial e Industrial de Pesca, Pescal. A esta construção juntou-se, no mesmo ano, a do lugre MARIA ONDINA, trazendo ambos a alegria aos habitantes da região, pois estes estaleiros davam trabalho a muitos operários da zona. Apesar de o estaleiro ocupar um espaço exíguo no Cais do Bico, o mestre construtor José Maria Lopes de Almeida conseguiu obrar um navio como o MARIA DAS FLORES, de 50 m de comprimento e 10,30 m de largura, num total de 800 t. Esta embarcação, desenhada pelo arqueador oficial António Maria Rodrigues, possuía alojamentos para 50 pescadores, um motor propulsor de 340 CV e dois motores auxiliares com a missão de fornecer energia ao frigorífico e iluminação.» [Oc45, 115]
24 OUTUBRO - «PRIMEIRO NAVEGANTE» Lugre motor Naufragou ao Sul, próximo do Farol.[História da Pilotagem Prática em Portugal, António Joaquim Martins, p. 94]
«[...] No dia 24 do referido mês, perante um cais apinhado de gente para assistir ao sempre emocionante espectáculo da entrada, pairavam também, lá fora, o Lousado, o Navegante II, o Ilhavense II, o Santa Mafalda, o Maria das Flores, o António Ribau e o Viriato. Vinha o Maria das Flores, a entrar, rebocado pelo “Marialva”, quando o “Vouga” lançou o cabo ao Primeiro Navegante, iniciando o caminho já percorrido com os outros navios. Em frente à Meia Laranja, alterosas e repetidas vagas conjugadas com violentas rajadas de vento, encheram todo o poço do navio, que desgovernou e tomou proa ao sul, sendo impelido para cima da coroa ali existente, apesar de todos os esforços do rebocador “Vouga”. Também o “Marialva” veio em auxílio do lugre, perante o perigo iminente que ele corria, mas os seus esforços também foram em vão.[...]» [Vd. Mais no blogue Marintimidades, de Ana Maria Lopes, no dia 26/02/2009]
Manuel