Teus brincos dançam se voltas
A cabeça a perguntar.
São como andorinhas soltas
Que inda não sabem voar.
Fernando Pessoa
Sou do tempo em que os jornais publicavam poesia com alguma regularidade. Um cantinho bastava para oferecerem aos seus leitores uns poemas, normalmente curtos, para serem lidos de imediato. Eram poemas que nem sempre voltavam a ver a luz do dia e que tinham vida, por isso, de apenas umas horas. Nos semanários uma semana.
Um poema, no meio de notícias frias e nem sempre agradáveis, era como um ramo de flores, que nos ofereciam, e ainda oferecem, em dias marcantes, e donde nunca retirávamos os olhos enquanto as suas cores e perfumes perdurassem.
Hoje, infelizmente, a poesia quase foi expulsa dos nossos jornais. E não há por aí tanta gente jovem e menos jovem ávida de mostrar a sua sensibilidade poética? Claro que estamos sempre a tempo de se reatar a antiga tradição de os jornais partilharem uns poemas, no meio de tantos cardos que dia a dia publicam. Mas há quem já o faça. Para esses os meus parabéns.