A idade é culpada de muita coisa, boa e menos boa. Se olhar bem, penso que o bom sobreleva o menos bom. Ainda bem.
Este mês de Agosto, dos muitos que já vivi, este terá sido o pior. Raros foram os dias em que me senti com calor ou com temperaturas amenas. De manhã, quase sempre registei um ventinho agreste e céu com nuvens mal-encaradas, que me obrigavam a procurar um sol directo que me levasse a dispensar os agasalhos próprios do Inverno. Só em casa me via garantidamente confortável. Daí o facto de me refugiar na leitura e na escrita, com fugazes passeatas para me deleitar com o agradável encontro com o mundo em férias ou sem férias.
Tomei nota da falta de muita gente, talvez pressionada pela crise que os órgãos de comunicação social nos traziam à memória a todo o momento, na impossibilidade, certamente, de outros temas ou de imaginação para os descobrir. De modo que tive pena de viver um Agosto tão chocho, pese embora o constante prazer que vivi com familiares e amigos, que tiveram a paciência de me acompanhar.
E quando desabafava, recordando férias de antanho, com a família toda à minha volta, que o frio, o vento e o desconforto que o triste tempo me dava, alguém comentou, assertivamente: Isso é por causa da idade. Se calhar até é.
Fernando Martins