Estrada
Olhando as minhas mãos, assim despidas,
Tão vazias de anéis e compromissos,
Tão desnudas de feitos e feitiços
Penso que as intenções foram perdidas.
Descubro em minhas rugas esculpidas
As marcas dos propósitos postiços
E, nos meus olhos, de brilhos já mortiços,
A dor de renovadas despedidas.
Tive amor no meu peito e não o quis,
Senti m sonho à mão e nada fiz
Por julgar que este mundo era ilusão.
Tendo de meu tão pouco ou quase nada
Vejo, no fim da estreita e erma estrada,
Sorrindo, à minha espera, a solidão.
Domingos Freire Cardoso