1. A novela de alguns bancos portugueses afogados pela incúria e pelo interesse único do deus dinheiro continua imparável. Mundos e fundos transferidos para os chamados paraísos fiscais são o reflexo dessa estratégia multiplicadora mas fugidia de um paradigma de economia que, mais ano menos ano, teria de ter o seu próprio fim. Não menos preocupante poderá ser a estratégia da generalização acusatória para com facções políticas, como se o “crime económico” fosse desta ou daquela corrente de pensamento. Esta atitude continua a espelhar que ainda não se aprendeu com a história… De todos os lados do pensamento social e político, infelizmente, poderá existir a suspeita de pertenças ao poço sem fundo, que cresce tanto mais quanto menos a ineficiência justiceira.
2. Do ano 2000 para cá um conjunto de situações, suspeitas de grandes crimes que entroncam na corrupção, têm assolado este paraíso à beira mar plantado. Da sensação de que seriamos um povo pobre mas honrado, passou-se, com meia dúzia de grandes casos envolvendo personalidades mediáticas, a uma nova consciência de que havíamos andado enganados. Não se transfira só a responsabilidade para entidades de estatuto nacional, pois que as obrigações cívicas e éticas nunca podem passar de moda pessoal e social, pelo contrário: vão sendo tanto mais publicadas e defendidas quanto menos agilidade nos sistemas educativos e de justiça parece existir. Também seja sublinhado e interrogado sobre: qual o papel eficiente das entidades de supervisão? O que faltou/falta?
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3. O prior que pode acontecer será o colocar-se tudo no mesmo saco. Como em tudo, existem papéis diferentes para diferentes actores. O cumprimento das regras do jogo conduz a que é lícito e meritório o procurar a gestão dos rendimentos, o arriscar nas bolsas, o avançar para esta ou aquela entidade bancária que, pressupostamente, cumprirá os requisitos oficiais. Mas, sem ética da confiança tudo se desmorona… Não será?
Alexandre Cruz