domingo, 17 de maio de 2009

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 131

BACALHAU EM DATAS - 21


TOCA A MARCHAR!...

Caríssimo/a:

Seja-me permitido interromper a cronologia; curta pausa para recordações gratas e saudações um pouco desajeitadas a uns senhores que por estas águas têm navegado e, a propósito, trazer para junto de nós a nossa Aveiro e o caro Timoneiro. Estive para recortar o texto, mas ficaria como batatas sem sal!
Então no Timoneiro, de Setembro/90, na série dedicada a «ETNOGRAFIA & COOPERAÇAO» podemos ler:

 «TOCA A MARCHAR 

Conforme ficou prometido, continuamos neste número a republicar letras de marchas sanjoaninas da Gafanha da Nazaré. Desta feita, calha a vez a Cale da Vila. Parece o nome derivar do lugar estar situado junto a uma cale ou caminho de água, canal fundo, esteiro, que conduzia à vila, talvez a vila de Aveiro, elevada a cidade em 1759, no tempo do Marquês de Pombal, o que faz remontar as origens da Cale da Vila pelo menos no nome· a antes da segunda metade do século XVIII. São referidas habitações sazonais, isto é precárias ou apenas existentes em períodos de trabalho, como as fainas da recolha do sal ou da pesca de companha, desde o tempo de D. Dinis, havendo documento de seu filho Afonso IV, o do reconhecimento das Canárias, que refere construção de barcas, barinéis ou caravelas para a pesca e comércio. 
Também se sabe da importância de Aveiro e decerto das suas redondezas gafanhosas, mesmo "avant la lettre», resultantes da primeva exploração da TERRA NOVA DOS BACALHAOS, que se seguiu a descoberta dessa costa do nordeste americano. Mas o que já é menos discutível e confirmado por documentos e testemunhos de vivos de provecta idade é, por exemplo, a construção do navio ADÍLIA nos terrenos marginais da Cale da Vila pelo pai do celebrado Mestre Mónica, em 1890. 
Claro que nunca será demais realçar o facto de ser na Cale da Vila que existiram as primeiras indústrias, mesmo que algo artesanais, como era possível e costume na época, sobrelevando a todas a indústria da secagem de peixe, as famosas secas do bacalhau, bem como a construção de barcos de madeira do também famoso Estaleiro Mónica. 
O que já não será muito conhecido pela grande maioria dos leitores são alguns dos seguintes curiosos eventos: se na Cambeia havia um moinho de vento - o do Conde - para moer o milho dos lavradores, o que é certo é que Mestre Mónica também tinha nos seus estaleiros uma grande moagem, em que aproveitava a força motriz dos mesmos motores que ajeitavam a madeira para os seus lugres. Deve ser conhecido de alguns o facto de haver um senhor Chico que foi durante a sua vida o chefe da dita moagem, como prova de reconhecimento e pedido de desculpas do patrão. 
Também na Cale da Vila, depois do Casqueirita, nasce o teatro, o cinema mudo, depois o sonoro, algumas cegadas do senhor José Melro e de Júlio d'Aveiro, este um, autêntico poeta popular. É, aliás, de sua autoria a bonita letra da marcha hoje divulgada. E de recordar ainda uma certa vaidade, ou natural ou devida ao desenvolvimento económico,que muitos dos mais velhos recordam em relação aos do lugar de que estamos a falar. Parece que a Cale da Vila era a Gafanha por antonomásia, sendo os outros lugares da Gafanha simplesmente a Nazaré. 
Outros informadores têm-me dito que a Cale da Vila era mesmo a Cale da Vila e do resto pouco se falava, metendo-se todos os outros lugares no mesmo saco. O que é verdade é que aquando da elevação desta nossa Gafanha total à categoria de vila, em 1969, teria havido polémica sobre o que é que deveria ser vila e o que não, mas tudo se resolvera a contento de todos, podendo afirmar-se que mesmo autarcas desta freguesia que poderiam puxar a brasa à sardinha da VILA apenas na Cale ... lutaram para que a Gafanha da Nazaré fosse por inteiro considerada mais importante que aldeia.
Um dos vereadores da Gafanha que lutaram ao lado da Junta a favor desta solução era habitante desse importante lugar. Mas lutou por todos. Um outro do mesmo recanto chegou a fazer a oferta de 500 contos - ao tempo uma pequena fortuna ­ para a grande festa do acontecimento (pois tudo foi organizado) mas parece que a ordem de se fazer essa festa está ainda por chegar. Resta desejar a todos os daquele lugar da Gafanha as maiores felicidades e a continuação de grandes venturas na aventura do progresso económico. Mas não só. 
Para que o homem não «viva só de pão», mas se alimente também de outros valores é que publicamos estas marchas populares. A letra foi, como dissemos, feita por Júlio de Aveiro, sendo a música da autoria do senhor Dionísio Marta, tão de todos conhecido. Trata-se do ano .. folclórico de 1967. 
I S. Pedro S. João, lá das alturas Venham ver a Cale da Vila saltitar Esqueçam, como nós as amarguras Da nossa marcha venham partilhar A festa, só p'ra vós foi preparada Reparem como é bela a tradição Fogueiras e balões, festa animada Em honra de S. Pedro e S. João ESTRIBILHO Tudo cintila Com luz e cor A Cale da Vila, mostra todo o seu valor Com todo o ardor Só mais pedia PAZ E AMOR para a sua freguesia 
II As secas com o seu esplendor A Cale da Vila tem ao seu abrigo Onde os raios de sol, com o seu calor Preparam para nós FIEL AMIGO Se vissem, ó S. Pedro e S. João O quanto é bela a nossa marginal Veriam como aqui se ganha o pão Honrando o nosso querido Portugal! ESTRIBILHO Tudo cintila, etc. etc. 
III Fazem.-se os navios nos estaleiros Traineiras, Arrastões, sua beleza São nossos, muito nossos seus obreiros Orgulho desta faina Portuguesa S. Pedro, S. João abençoai O povo desta aldeia tão modesta Que sabe trabalhar, mas hoje vai Trazer a freguesia toda em festa ESTRIBILHO Tudo cintila etc. OLlVEIROS LOURO e MARCOS CIRINO» 

Aqui fica a minha homenagem e o meu abraço

Manuel

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