Depois queixem-se
Um mês das Europeias, já em plena campanha eleitoral, sinto que os portugueses, na sua grande maioria, estão divorciados do assunto. Não por culpa própria, mas por culpa dos partidos políticos, mais preocupados com os problemas internos e com as guerrilhas entre eles do que com os esclarecimentos de que o povo precisa.
Há realmente democracia na Europa? Os deputados europeus são mesmo a expressão daqueles que representam? As leis dimanadas da Europa serão elaboradas pelos parlamentares? Quem elege os membros da Comissão europeia? E os diversos tecnocratas que decidem tudo nos gabinetes, ignorando muitas vezes as realidades dos Estados-Membros?
Podia continuar a enumerar questões que põem em dúvida a democraticidade genuína da UE. O povo está a leste disto tudo. Em Portugal, habituou-se à ideia de a UE apenas tem servido para injectar dinheiro em economias débeis. Mas isso terá de acabar um dia.
Entretanto, os nossos partidos, sobretudo os com assento na Assembleia da República, estão mais interessados em capitalizar dividendos para as eleições internas. Até que um dia o povo resolva virar-lhes as costas com a abstenção em massa. Depois queixem-se.
Fernando Martins