Filosofia de vida
“Se não temos o que amamos…devemos amar o que temos…!
Saltou-lhe aos olhos esta frase, quando circulava pelas coxias da sala de aula. Estava inscrita numa pequena caixa de plástico de forma paralelipípeda, pousada na carteira de uma aluna. Continha os apetrechos para a caracterização das personagens, daquela peça que iam levar à cena.
O tema Cidadania, abordado e exaustivamente trabalhado na Área de Projecto, estava a dar os seus frutos. Os alunos empenhavam-se, e cada grupo decidira apresentar os resultados da forma que mais lhes agradava. Aquele resolvera fazer a dramatização duma peça em que o tema era apresentado com uma ingénua teatralidade. E… para grande espanto da teacher, estes alunos, de tão tenra idade ainda, conheciam os truques, as nuances que fazem da arte dramática algo de apetecível, de lúdico e também pedagógico. Queriam imitar a gente grande e quem sabe se ali não estará o alfobre de futuros talentos na arte de bem dizer!.
A caixinha da maquilhagem… com uma panóplia de acessórios, continha as pinturas, os batons, os eyeliners de que qualquer guarda-roupa não prescinde.
Mas... aquela inscrição ficara a laborar na mente da teacher… era uma frase profunda! Traduzia uma filosofia de vida que lhe era muito cara!
Se, na verdade, a aplicarmos às nossas vivências, concluiremos que pode fazer uma mudança nas nossas vidas. Quando nos debruçamos e perdemos tempo a lastimar aquilo que não temos, e às vezes temos tanto a que não damos o real valor, não nos restará tempo, ânimo e disponibilidade mental, para apreciarmos, valorizarmos e desfrutarmos daquilo com que a natureza, tão prodigamente, nos dotou.
À memória vem aquela pergunta insidiosa feita a duas pessoas, exactamente sobre a mesma coisa, mas que obteve duas respostas diametralmente opostas.
Apresenta-se uma garrafa contendo vinho, até metade e pede-se a um homem sóbrio, e a um alcoólico, que descrevam o que vêem. - Ainda está meia cheia! Diz o homem sóbrio. - Já está meia vazia! Diz o alcoólico.
Duma situação tão simples, aparentemente linear, há duas perspectivas, absolutamente opostas. Uma positiva, outra negativista, derrotista.
Assim se passa nas nossas vidas. Há aqueles que desbaratam a vida a ver o que a garrafa não tem, a parte vazia, e não chegam a desfrutar do precioso néctar que a garrafa contém, até meio.
- De que lado da barricada estás? Perguntam. Contrariando qualquer tendência etílica, responderia, de imediato, que se fica pela inscrição latina: In vino veritas! Ou Bonum vinum laetificat cor hominum!
“Se te lamentas, porque não vês o sol, então nunca verás as estrelas!”
E… a teacher gosta muito de contemplar um céu estrelado, nestas terras abençoadas das Gafanhas!
M.ª Donzília Almeida