Conversa amena...
Meu caro Doutor!
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Poesia
Não é só rimar...
É ver as coisas
Com outro olhar...
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Uma andorinha
A fazer o ninho
Num beiral,
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É Poesia!
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Quando observa
A árvore em frente...
A vestir-se de Outono
E não fica indiferente,
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Isto é Poesia!
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Quando desce
A Circunvalação
E os plátanos
Atapetam o chão...
E o sussurro das folhas
Emerge da confusão
Do tráfego e da poluição!
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Não lhe cheira a Poesia?
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Quando vê uma flor
A desabrochar
Na Primavera...
E uma borboleta polícroma
A ’adejar sobre ela.
E contempla esta aguarela!...
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Não lhe toca a Poesia?
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Quando na sua profissão,
No meio da dor
E tanto sofrimento,
Leva a dádiva dum sorriso
E o afago da sua mão,
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Já sentiu a Poesia!
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Quando mãos longas, robustas,
Em gestos delicados
E bem estudados,
Constroem beleza,
Em corpos desfigurados,
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Já lhe tocou a Poesia!
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Quando em vez
Da resignação,
Comiseração,
Lamentação,
Se sente
Admiração
Veneração,
Exaltação,
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Não será isto Poesia?
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E assim, ó Doutor,
Sem saber,
Vive a Poesia
Sem querer!
Ao Dr Laranja Pontes,
Em 20 de Novembro de 2002
M.ª Donzília Almeida