“É em CASAIS NOVOS
que se fazem os Bolinhos d’Amor”
Na diversidade doceira que abundou nesta quadra natalícia, assomou à sua memória, esta inscrição, lida em grandes parangonas e colocada a toda a largura da rua!
Na verdade, deparava-se com este anúncio, quando passava por Penafiel, no seu périplo docente, por este país rural. Os ocupantes do Mercedes amarelo, liam, sorriam e comentavam! Era tema para uma dissertação filosófica, entre os professores, com formações académicas diferentes, logo, cada qual, com uma visão particular do assunto.
– Pois! Claro que é nos casais novos que se fazem os bolinhos de amor! Pudera! Com todo o manancial que possuem!
E... um sorriso brejeiro aflorava ao rosto daquelas criaturas, arrancadas ao sono, a altas horas da matina. Até esqueciam o sacrifício feito, para cumprirem o seu dever profissional.
Era esta a afirmação mais recorrente, no grupo, que andava todo na faixa etária dos anos 30! Só o M. mais maduro e experiente nas liças da vida docente e noutras, contrapunha com alguma reserva. Era o mais velho e o único cavalheiro.
– E nos casais mais velhos, maduros, experientes? Acham que aí já não há ingredientes para o amor? Eu discordo!
Sem o conhecimento empírico que hoje tem do tema, a teacher não podia opinar, com convicção e conhecimento. Mas, como sempre, gostou de ouvir os mais velhos, fonte de sabedoria catalogada (!?), arquivou na sua jovem memória este episódio, mais um, enriquecedor da sua, hoje, ampla experiência de vida.
No regresso da Escola, de quando em vez, havia sempre lugar para estacionar o automóvel. Sim, que o veículo conduzido pela M. tinha estofos e gabarito para essa designação! Os outros, dos colegas acompanhantes, a descansar na garagem, lá em casa, eram uns meros carros de passageiros na sua humildade de meio de transporte! Aquele merecia, inteirinho, ser apodado de um automóvel! Por detrás, havia o suporte de um marido industrial...
Cansados de um dia de actividade lectiva, não tanto como hoje (!!!), mais por estarem afastados geograficamente das suas residências, ainda sem a comodidade e celeridade dos IPs que tanto aproximam e encurtam as distâncias, lá paravam. Era numa enorme cozinha rústica, de lavrador, que eram confeccionados, vendidos e saboreados, aqueles deliciosos bolinhos de amor! Um forno de larga boca era o foco das atenções dos fregueses, enquanto degustavam os apetitosos docinhos, sentados em toscas mesas, dum ambiente, acolhedoramente, rural.
Ainda hoje, volvidos 24 gloriosos anos, a teacher guarda bem, nas suas papilas gustativas, o sabor requintado, exótico, DIFERENTE, daquela especialidade doceira! Que saudade, desses bons velhos tempos!
À guisa de conclusão, atreve-se a desafiar o teor daquele anúncio: o amor... tem sabor em qualquer idade!!!
Mº Donzília Almeida
02 Janeiro 09