O Gentleman
Quando se cruzava com a teacher, nos longos corredores da Escola, com um sorriso amistoso, saudava-a, sempre, de forma cordial! Era um rapaz entroncado, rondando os 16 anos e que finalizava, nesse ano, a sua frequência, naquela Escola E.B 2/3.Já não era seu aluno, mas a delicadeza de maneiras, o fino trato, o cavalheirismo arreigado, não o tinham abandonado. E os seus olhos verdes, a fazer estremecer corações, à sua volta, num raio bem alargado da zona escolar? As meninas pululavam como abelhas, em volta de uma flor viçosa, colorida e cheia de fragrância. Era o Julinho, carinhosamente apelidado pela teacher, que, à semelhança de um outro Júlio, sexólogo proeminente da nossa praça, também a cativara pela diferença! Sim, que a monotonia da má educação, da boçalidade, da ignorância, também cansam e desgastam.
Um dia, na sala de informática, em substituição de um outro professor, a teacher deparou com esta cena... ternurenta e… tão frequente em meio escolar. Em frente do PC, as imagens sucediam-se, no display, a um ritmo acelerado, captando a atenção do aluno. Sim, digo do aluno, pois foi essa a primeira impressão deixada! Com efeito, ali estavam duas cabecinhas jovens, tão coladinhas, tão empolgadas uma com a outra, que a teacher não ousou interromper aquele idílio! Estavam na idade dos sonhos, das ilusões, do melhor da vida. Como bem os compreendia aquela teacher! Sim, porque ela também sonhava! Por isso se sentia jovem. “Uma pessoa só envelhece, quando os sonhos dão lugar aos lamentos” - ouvira alguém dizer.
Apenas comentou, no final da aula:
- A tua colega é muito bonita, não é Julinho?
Um sorriso cúmplice espraiou-se no rosto… daquele aspirante a Gentleman!
A teacher cogitou:
- Il n'est pas bon que l´homme soit seul! Lá dizia a Bíblia!
Mª Donzília Almeida