domingo, 27 de julho de 2008

Um poema de Fernando Pessoa

AUTOPSICOGRAFIA O poeta é um fingidor Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só as que eles não têm. E assim nas calhas da roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama o coração. Fernando Pessoa

3 comentários:

  1. Eu reponho com este..apesar de que gosto mais de Álvaro de Capos..é mais Mar



    Ai que prazer
    Não cumprir um dever,
    Ter um livro para ler
    E não o fazer!
    Ler é maçada,
    Estudar é nada.
    O sol doira
    Sem literatura.
    O rio corre, bem ou mal,
    Sem edição original.
    E a brisa, essa,
    De tão naturalmente matinal,
    Como tem tempo não tem pressa...

    Livros são papéis pintados com tinta.
    Estudar é uma coisa em que está indistinta
    A distinção entre nada e coisa nenhuma.

    Quanto é melhor, quanto há bruma,
    Esperar por D. Sebastião,
    Quer venha ou não!

    Grande é a poesia, a bondade e as danças...
    Mas o melhor do mundo são as crianças,
    Flores, música, o luar, e o sol, que peca
    Só quando, em vez de criar, seca.

    O mais que isto
    É Jesus Cristo,
    Que não sabia nada de finanças
    Nem consta que tivesse biblioteca...

    Fernando Pessoa


    Um abraço Maria

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  2. É Campos...ahhahhah..desculpe

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  3. Boa noite, Maria!

    Amanhã vou colocar este poema com todo o destaque... Também não os posso pôr todos, não é?

    Um abraço

    Fernando Martins

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