"Quem, nos dias de hoje, entrar na Sala das Sessões da Câmara Municipal de Aveiro e lançar um olhar atento sobre o conjunto das cadeiras de alto espaldar que a ornamentam, tenderá a reter no seu cérebro uma certa impressão de assimetria. Para além das dez que, em posição frontal, se encontram alinhadas ao longo da vasta mesa, uma outra se encontra encostada à parede do seu lado direito, mas faltando no lado oposto a que formaria o seu par. Não é de crer que se tivessem adquirido apenas onze cadeiras para aquela Sala e não se tivesse adquirido a que completaria a dúzia. Quase ninguém sabe hoje que essa outra cadeira, que foi pertença da Câmara Municipal de Aveiro, se encontra actualmente no Paço Ducal de Vila Viçosa, desconhecendo-se, até há muito pouco tempo, a sua proveniência. Foi a cadeira ofertada a El-Rei D. Manuel II que, durante a sua visita a Aveiro, em Novembro de 1908, manifestou desejo de a possuir e que nela se sentou durante o memorável passeio fluvial que o levou da Barra ao desembarque no Canal Central da cidade. Encontra-se descrita na obra “Cadeiras Portuguesas” de Augusto Cardoso Pinto.
Também muito poucos terão hoje conhecimento dessa visita, e menos ainda saberão como ela decorreu, que cerimónias, festas e realizações populares tiveram lugar. Aproximando-se o seu centenário, e embora “a descrição dos esplendorosos festejos com que Aveiro solenizou a visita do Soberano [seja] tarefa bastante difícil e quase impossível” (Districto de Aveiro, n.º 3767, 30 de Novembro de 1908), parece apropriado relembrá-la para que, de facto, ela “nunca [seja] esquecida por este povo” (Acta da sessão extraordinária da Câmara Municipal de Aveiro de 28 de Novembro de 1908)."
Também muito poucos terão hoje conhecimento dessa visita, e menos ainda saberão como ela decorreu, que cerimónias, festas e realizações populares tiveram lugar. Aproximando-se o seu centenário, e embora “a descrição dos esplendorosos festejos com que Aveiro solenizou a visita do Soberano [seja] tarefa bastante difícil e quase impossível” (Districto de Aveiro, n.º 3767, 30 de Novembro de 1908), parece apropriado relembrá-la para que, de facto, ela “nunca [seja] esquecida por este povo” (Acta da sessão extraordinária da Câmara Municipal de Aveiro de 28 de Novembro de 1908)."
In Preâmbulo do livro "D. Manuel II e Aveiro", de Armando Tavares da Silva