A Especulação
1. Foi há já alguns anos que algumas mediáticas mega-empresas norte-americanas, da área de novas tecnologias, abanaram com a credibilidade do sistema económico bolsista. Grandes empresas e grupos, gerados e sediados porventura num pequeno gabinete, com pendor decisivo no potencial comunicador informático mais sofisticado, fizeram notícia pela sua virtualidade e pela forte aposta no factor imagem, este mais privilegiador do arriscar incerto no futuro do que das garantias seguras do presente. Ao que parece, esse factor desenvolveu-se; a ponto de hoje, dos registos humanos das modas e famas aos económicos da feroz concorrência diária, contar bem mais a aparência que a essência. Este facto apresenta-se como uma clara espada de dois gumes, fazendo da especulação (do que se deseja) um dado incerto quando não mesmo enganador e injusto.
2. O que tem ocorrido nestas últimas semanas, após a crise dos mercados americanos na área da especulação imobiliária, mostra bem o terreno da globalização que o mundo pisa. Não só pelo gritante escândalo, mas pela verdade ética global urgente, está a chegar o tempo dos «antípodas» se encontrarem, os que são contra a globalização económica em diálogo com os que são a favor do seu liberalismo, a fim da racionalidade humana presidir aos consensos fundamentais que «salvem» a humanidade social. Não é apocalíptico o que dizemos; é a consciência de que cada hora que passa agrava-se o fosso, não só no reflexo do relatório europeu de há dias (da recordista desigualdade de vencimentos em Portugal), como da grave crise internacional dos recursos naturais: trigo, milho, arroz, petróleo, este que faz alavancar tudo o resto.
3. O boom do novo império asiático, diante da crise dos EUA reflectida no iceberg da histórica especulação da «petrocracia», da conjugação destes factores sente-se a percepção de uma transformação bem mais profunda que a procurada fila dos combustíveis mais baratos. Diz-se que mais de um terço do que acontece provém dos especuladores negociantes, e destaca a OPEP (dos países produtores de petróleo) que a produção está em alta. O que pode sobrar só pode ser o medo. Um medo que representa a pior das faces da especulação que se alimenta a si própria. Atrás de si, no seu rasto, vem tudo o que não interessa, mesmo que alguns especialistas tenham dito há dias que a subida dos preços dos cereais pode ser uma boa notícia. Tudo depende sempre do que se quer e de que lado se sente a vida. Se esta sofre com quem sofre, então cada subida é uma má notícia para as pessoas e para as famílias com seus filhos que vivem a fronteira da legítima sobrevivência.
4. Na ausência de uma auto-regulação saudável dos mercados, sente-se que está a chegar a hora, no mínimo, de alguns fortes apelos ético-políticos de instâncias universais. Em uníssono, pois chegam a todos as consequências do à deriva desregulado que, cada dia adiado, dá lastro a movimentos «anti-tudo», fora da racionalidade. Ou será que ainda não chegou esta hora?
1. Foi há já alguns anos que algumas mediáticas mega-empresas norte-americanas, da área de novas tecnologias, abanaram com a credibilidade do sistema económico bolsista. Grandes empresas e grupos, gerados e sediados porventura num pequeno gabinete, com pendor decisivo no potencial comunicador informático mais sofisticado, fizeram notícia pela sua virtualidade e pela forte aposta no factor imagem, este mais privilegiador do arriscar incerto no futuro do que das garantias seguras do presente. Ao que parece, esse factor desenvolveu-se; a ponto de hoje, dos registos humanos das modas e famas aos económicos da feroz concorrência diária, contar bem mais a aparência que a essência. Este facto apresenta-se como uma clara espada de dois gumes, fazendo da especulação (do que se deseja) um dado incerto quando não mesmo enganador e injusto.
2. O que tem ocorrido nestas últimas semanas, após a crise dos mercados americanos na área da especulação imobiliária, mostra bem o terreno da globalização que o mundo pisa. Não só pelo gritante escândalo, mas pela verdade ética global urgente, está a chegar o tempo dos «antípodas» se encontrarem, os que são contra a globalização económica em diálogo com os que são a favor do seu liberalismo, a fim da racionalidade humana presidir aos consensos fundamentais que «salvem» a humanidade social. Não é apocalíptico o que dizemos; é a consciência de que cada hora que passa agrava-se o fosso, não só no reflexo do relatório europeu de há dias (da recordista desigualdade de vencimentos em Portugal), como da grave crise internacional dos recursos naturais: trigo, milho, arroz, petróleo, este que faz alavancar tudo o resto.
3. O boom do novo império asiático, diante da crise dos EUA reflectida no iceberg da histórica especulação da «petrocracia», da conjugação destes factores sente-se a percepção de uma transformação bem mais profunda que a procurada fila dos combustíveis mais baratos. Diz-se que mais de um terço do que acontece provém dos especuladores negociantes, e destaca a OPEP (dos países produtores de petróleo) que a produção está em alta. O que pode sobrar só pode ser o medo. Um medo que representa a pior das faces da especulação que se alimenta a si própria. Atrás de si, no seu rasto, vem tudo o que não interessa, mesmo que alguns especialistas tenham dito há dias que a subida dos preços dos cereais pode ser uma boa notícia. Tudo depende sempre do que se quer e de que lado se sente a vida. Se esta sofre com quem sofre, então cada subida é uma má notícia para as pessoas e para as famílias com seus filhos que vivem a fronteira da legítima sobrevivência.
4. Na ausência de uma auto-regulação saudável dos mercados, sente-se que está a chegar a hora, no mínimo, de alguns fortes apelos ético-políticos de instâncias universais. Em uníssono, pois chegam a todos as consequências do à deriva desregulado que, cada dia adiado, dá lastro a movimentos «anti-tudo», fora da racionalidade. Ou será que ainda não chegou esta hora?