Passados 34 anos sobre o 25 de Abril de 1974, altura em que foi derrubado o regime que vigorou em Portugal durante quarenta e oito anos, muitas são as opiniões divergentes, que ainda hoje se fazem sentir. É natural e salutar que assim seja.
Para uns, tratou-se do corolário de uma luta, de décadas, que culminou na “revolução dos cravos”, acabando com o regime fascista, corrupto, ditatorial e sangrento que governava Portugal.
Para outros, foi o fim do sonho do grande império colonial, que começava no Minho e acabava em Timor, sendo um dos baluartes dos valores cristãos e da luta anticomunista que o mundo ocidental travava contra os chamados “países da cortina de ferro”.
Para alguns, o 25 de Abril, foi uma oportunidade de assumirem a personagem de “vira-casaca” adaptando-se às novas circunstâncias criadas e tirando delas os máximos benefícios, em proveito próprio.
Um outro grupo de portugueses – bem minoritário – para quem o 25 de Abril de 1974 representava uma ruptura com um passado bolorento e caduco, via a grande oportunidade de iniciarem reformas de fundo, em nome dos princípios então em voga: liberdade, igualdade e fraternidade, através de uma democracia de qualidade.
Os exemplos poderiam continuar, mas estes bastam para dizer que cada português teve, ou não, o seu 25 de Abril, através da forma como o viveu e como este lhe modificou, para melhor ou pior, o seu modo de viver e de pensar, a sua qualidade de vida e as expectativas que lhe foi gerando relativamente ao seu futuro pessoal e colectivo.
O Primeiro-ministro sueco, Olaf Palme (1927-1986) disse, relativamente ao 25 de Abril de 1974, que “Fazer uma revolução era fácil; difícil é fazer reformas”.
Dito de outro modo: falar é fácil, pelo menos a partir de Abril de 1974 passou a sê-lo; o difícil é, como noutras ocasiões, encontrar quem tenha competência e vontade de trabalhar, em nome do bem comum.
Mesmo descontando a tendência que o português tem para um pessimismo doentio e miserabilista, será que se fez tudo o que era possível para sermos um povo com mais esperança no presente e com mais confiança no futuro?
Deveríamos e poderíamos ter ido muito mais além, na criação de melhores condições de vida para os portugueses e se tal não aconteceu foi pela fraca prestação daqueles que se têm ocupado da gestão dos bens públicos – sobretudo os partidos políticos, e mais concretamente os que têm ocupado funções de poder.
Não menos importante, é o fraco grau de cidadania assumida pelos portugueses e a sua falta de exigência, justa e legítima, perante quem os deve ajudar, servindo-os. Costuma-se dizer que “quem cala consente” e o conformismo e o silêncio são os piores inimigos para o desenvolvimento de uma sociedade.
António Barreto, concorde-se ou não com a pessoa ou com o seu percurso político-partidário, escreveu no jornal “Público”, de 27 de Janeiro de 2008: “Este é o mundo em que vivemos: a mentira é uma arte. Esta é a nossa sociedade: o cenário substitui a realidade. Esta é a cultura em vigor: o engano tem mais valor do que a verdade.”
Falar, nos dias de hoje, do 25 de Abril de 1974, é pensar e falar na capacidade que temos em regenerar o que tem que ser regenerado; aperfeiçoar o que tem que ser aperfeiçoado; na vontade em resolvermos as dificuldades e problemas que nos surgem e na qualidade de vida e de democracia que podemos prometer e cumprir, de forma competente, perante todos cidadãos.
Se assim não for, o 25 de Abril de 1974 será sempre passado sem sentido e um memorial de recordações e nostalgias que jamais poderão fazer parte do futuro.
Para uns, tratou-se do corolário de uma luta, de décadas, que culminou na “revolução dos cravos”, acabando com o regime fascista, corrupto, ditatorial e sangrento que governava Portugal.
Para outros, foi o fim do sonho do grande império colonial, que começava no Minho e acabava em Timor, sendo um dos baluartes dos valores cristãos e da luta anticomunista que o mundo ocidental travava contra os chamados “países da cortina de ferro”.
Para alguns, o 25 de Abril, foi uma oportunidade de assumirem a personagem de “vira-casaca” adaptando-se às novas circunstâncias criadas e tirando delas os máximos benefícios, em proveito próprio.
Um outro grupo de portugueses – bem minoritário – para quem o 25 de Abril de 1974 representava uma ruptura com um passado bolorento e caduco, via a grande oportunidade de iniciarem reformas de fundo, em nome dos princípios então em voga: liberdade, igualdade e fraternidade, através de uma democracia de qualidade.
Os exemplos poderiam continuar, mas estes bastam para dizer que cada português teve, ou não, o seu 25 de Abril, através da forma como o viveu e como este lhe modificou, para melhor ou pior, o seu modo de viver e de pensar, a sua qualidade de vida e as expectativas que lhe foi gerando relativamente ao seu futuro pessoal e colectivo.
O Primeiro-ministro sueco, Olaf Palme (1927-1986) disse, relativamente ao 25 de Abril de 1974, que “Fazer uma revolução era fácil; difícil é fazer reformas”.
Dito de outro modo: falar é fácil, pelo menos a partir de Abril de 1974 passou a sê-lo; o difícil é, como noutras ocasiões, encontrar quem tenha competência e vontade de trabalhar, em nome do bem comum.
Mesmo descontando a tendência que o português tem para um pessimismo doentio e miserabilista, será que se fez tudo o que era possível para sermos um povo com mais esperança no presente e com mais confiança no futuro?
Deveríamos e poderíamos ter ido muito mais além, na criação de melhores condições de vida para os portugueses e se tal não aconteceu foi pela fraca prestação daqueles que se têm ocupado da gestão dos bens públicos – sobretudo os partidos políticos, e mais concretamente os que têm ocupado funções de poder.
Não menos importante, é o fraco grau de cidadania assumida pelos portugueses e a sua falta de exigência, justa e legítima, perante quem os deve ajudar, servindo-os. Costuma-se dizer que “quem cala consente” e o conformismo e o silêncio são os piores inimigos para o desenvolvimento de uma sociedade.
António Barreto, concorde-se ou não com a pessoa ou com o seu percurso político-partidário, escreveu no jornal “Público”, de 27 de Janeiro de 2008: “Este é o mundo em que vivemos: a mentira é uma arte. Esta é a nossa sociedade: o cenário substitui a realidade. Esta é a cultura em vigor: o engano tem mais valor do que a verdade.”
Falar, nos dias de hoje, do 25 de Abril de 1974, é pensar e falar na capacidade que temos em regenerar o que tem que ser regenerado; aperfeiçoar o que tem que ser aperfeiçoado; na vontade em resolvermos as dificuldades e problemas que nos surgem e na qualidade de vida e de democracia que podemos prometer e cumprir, de forma competente, perante todos cidadãos.
Se assim não for, o 25 de Abril de 1974 será sempre passado sem sentido e um memorial de recordações e nostalgias que jamais poderão fazer parte do futuro.
Vítor Amorim