“Já fui convidado para encabeçar movimento de indignação”; “Os regimes podem renascer. Este regime está gasto.” Estas foram afirmações do general Garcia Leandro, na SIC Notícias. Assim mesmo. Aliás, a sua indignação pode ler-se no artigo que publicou na última edição do EXPRESSO, intitulado "A falta de vergonha", onde alerta para a chegada de uma explosão social e para a ocorrência de movimentos de cidadãos insatisfeitos.
Movimento de indignação pode ser um novo partido político, um grupo cívico de reflexão e de pressão ou o princípio de mais uma revolução. Com a evocação dos assassínios do rei D. Carlos e de seu filho, o príncipe Luís Filipe, que ocorreram em 1 de Fevereiro de 1908, podemos dizer que está na moda recordar que os portugueses até gostam de revoluções, quando estão descontentes com a governação. E o mais curioso é que algumas estão marcadas pelo apoio do povo, umas vezes com violência e outras com flores, como foi o caso do 25 de Abril de 1974.
Os escândalos à volta do maior banco privado português, o BCP, e das remunerações e mordomias dos seus administradores, bem como de outros, causam, como diz Garcia Leandro, "repulsa generalizada". É verdade que se diga que ninguém pode ficar indiferente a tudo isto, sabendo-se quanto sofrem tantos compatriotas nossos.
Não sei se o general e o movimento para que foi convidado estão a pensar em revoluções ou se pretendem apenas avisar que é preciso governar com mais competência e com mais justiça. Eu penso que a democracia está enraizada entre nós. Mas nunca fiando.
FM