O INÍCIO DA VIDA ESCOLAR
Caríssima/o:
7 de Outubro de 1947.
Foi nesse dia que o Olívio rumou pela primeira vez em direcção à Escola.
O dia foi preparado com todo o cuidado. Muitos alunos, não havia lugar para os novos: tinham que levar um banco. E lá foi com ele ao colo... para se poder sentar junto à parede lateral.
Correu-se a vizinhança à procura do livro. Por fim, encontrou-se alguém que o emprestou. Que maravilha! Capa cor de laranja a fugir para o amarelo e sem os cantos (roídos pelo tempo e pelo tremor das três gerações que o tinham utilizado). Verificou depois que poucas folhas lhe faltavam e que das letras algumas já tinham voado!
O principal, conseguido. E sinceramente que não se lembra onde levou o livro – nem tão-pouco da lousa. Isso ainda não importava – ele queria penetrar no mistério da leitura!
A Escola ficava ali na rua que ia para o moinho do Ti Conde: a seguir à palmeira virava-se à direita e, zás, logo pertinho numa casa alugada ao Ti Bola, a gente até lhe chamava a “Escola do Ti Bola”.
À espera estava a Professora, a D. Zulmira, que tinha sido a mesma do irmão Artur, no ano anterior, na sua 3.ª classe.
A rapaziada do “canto” ... e os novos que iriam ser seus companheiros, todos sorridentes: o Amílcar, seu primo, o Oliveiros, do Ti Russo, o Silvério... Alguns tiveram lugares nas carteiras, quatro a quatro; mas ele serviu-se do banquito (e para quem estava habituado a sentar-se nas pedras dos caminhos e das estradas, não era nada mau!).
Os alunos arrumavam-se segundo a classe que frequentavam – havia as quatro classes. E enfim, feitas as “apresentações” - a Professora não discursou –, a “fábrica” entrou em laboração que só terminaria depois dos exames.
Fica na esperança que a Estrela brilhe nos corações de todos os Amigos o
Manuel