quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

ARES DO OUTONO


ILHA DE SAMA OU ILHA DO REBOCHO
As tecnologias fazem por vezes quase o impossível. Na Gafanha da Nazaré, junto ao Porto de Pesca Longínqua, vê-se ao longe a célebre Ilha de Sama, também conhecida por Ilha do Rebocho. O que mal se vê ou vê mal a olho nu pode ser ampliado por qualquer razoável máquina fotográfica. O que fica, nesta fotografia, é uma imagem do abandono a que foi votada a ilha. A casa em ruínas dá a sensação de que é filha de guerra ou de puro esquecimento. Numa zona turística talvez a ilha pudesse ser devidamente aproveitada. Outrora foi propriedade agrícola, não sei se muito ou pouco produtiva. Mas tinha alguma vida. Hoje, está em agonia plena.

5 comentários:

  1. As palmeiras secaram. A casa pequena ao lado era a casa do caseiro, o St. António, que tinha vinda la das serras para aquele lugar. Cultivava milho e feijão como nas Gafanhas. Quando jovem e ia à marinha com o meu pai, todo o dia se ouvia o motor a tirar águe para a rega.
    Mas a produção era traca e o Sr. António deixou o Rebocho, arranjou a profissão de cantoneiro, veio para a Gafanha onde ainda vive perto da minha casa.

    A casa do Rebocho era um palácio,num ambiente que hoje se pagaria a peso de oiro, se a legislação permitisse reconstrui-lo.
    No seu tempo e no mês de Agosto, era habitado pela família e pelos seus amigos.

    Ângelo Ribau

    ResponderEliminar
  2. Prezado professor Fernando,


    É muito bom saber destas histórias. Acredio que devia resgatar até outras. Essa Gafanha da Nazaré de outrora que ainda mais me faz sentir um filho dessa terra. Por favor, não deixe de contar as suas histórias e a de outros filhos dessa terra, que tanto pode ensinar aos jovens de hoje.

    Parabéns!!

    Tito Estanqueiro

    ResponderEliminar
  3. Meus caros

    A primeira, para o Ângelo, pelas oportunas considerações e informações que soube partilhar connosco. Obrigado, meu caro. Já agora, permite que te lembre que um dia também fui, convosco, à marinha. O pior foi o regresso, com a bateira, comandada pelo teu pai, de saudosa memória, a navegar à vela, toda inclinada! Que grande susto apanhei!
    A segunda, para o Tito, para que continues a cultivar o amor a esta terra, onde tantos amigos sempre te esperam. Eu continuarei a dar uma ajudinha, mas uma ou outra sugestão será bem-vinda.

    Um abraço

    Fernando

    ResponderEliminar
  4. "O último habitante da Ilha de Sama"
    Podia ser o título de um livro ou de um filme, mas é o sr António, ex-cantoneiro, oriundo das terras de Penafiel. Soube há dias que numa das travessias que fazia para vir à Gafanha, foi abalroado pelo "Vaz", navio bacalhoeiro da época, salvando-se por se ter agarrado à gata (âncora) que vinha à tona de água, por precaução nas manobras de porto. A bordo do navio ninguém se apercebeu, pelo que fez o percurso até ao cais.
    O meu pai contava-me com saudade histórias do Rebocho: lembro-me duma que mencionava um cão que atravessava a ria para vir buscar encomendas ao lado de cá. Salvo o erro, o jornal aquando da estadia dos proprietários.
    Há dias sugeri a alguém ligado á informação que o Rebocho era um assunto digno de ser divulgado e estudado, mas talvez por desfazamento de idades ou sensibilidades creio que não lhe foi atribuido o verdadeiro significado. Muitos gafanhões se deslocavam àquele lugar em momentos de lazer, talvez devido ao exotismo que as palmeiras e a casa inspiravam. É com tristeza que a vejo esbroar-se. Ainda consegui espreitar por uma janela quando possuia alguns móveis. Sinais do Tempo e da vivencia dos nossos avoengos.
    Também recordei com saudade.
    JM

    ResponderEliminar
  5. Obrigado, João, pelo teu contributo... Como a nossa terra está cheia de histórias dignas de registo! E não haver por aí uns jovens que peguem nelas para as tornar públicas. E para se não perderem!
    Que posso fazer eu, agora, a não ser lançar apelos para que algo se faça?

    Um abraço

    Fernando Martins

    ResponderEliminar