O LABORATÓRIO
1. Esta semana decorre, na Universidade de Aveiro, a 8ª edição da Semana Aberta da Ciência e Tecnologia, em que são esperados mais de 10 mil participantes e que, em múltiplas iniciativas, contactarão directamente com as potencialidades das ciências e tecnologias. A meritória aposta despertadora da curiosidade científica a partir das mais tenras idades manifesta-se, assim, como um elemento decisivo rumo a um sentido dinâmico e criativo do desejado progresso. Numa visão de ciências e tecnologias que nunca serão um fim em si mesmas mas um “meio” (de labor, trabalho) para o desenvolvimento humano mais eficiente, este, afinal, a meta de todo o conhecimento que mais se procura.
2. Ocorre esta semana de cultura científica na mesma altura em que pelo INE (Instituto Nacional de Estatística) são apresentadas as previsões da taxa de desemprego estimada num valor superior em relação ao período homólogo do ano passado. Muito acima da problemática dos números políticos de desemprego apresentados há dias (se são virtuais ou reais, se de emprego mais longo ou temporário de dias ou semanas…), num contexto do muito confirmado desemprego de jovens licenciados, como hábito nestas alturas, erguem-se algumas vozes questionadoras sobre a utilidade dessa formação superior. Em contrapartida, e numa fundamental mentalidade renovada, muito se tem sensibilizado sobre esta necessidade premente de formação qualificada dos portugueses, a formação das pessoas e dos profissionais. Formação, sempre mais!...
3. Vivemos na fronteira da decisão transformadora do “tecido” português, mas onde nos quadros da essencial formação não chega só um pragmático quantitativo do “como” ou do “para quê”. O imperativo da qualidade, e esta implica todos os quadrantes da experiência humana da pessoa, do cidadão e profissional, será hoje a chave de um triunfo que se abre ao bem comum. Quanto mais PESSOA HUMANA, melhor profissional, mais inspiração! Talvez possa ser esta uma máxima que vença muitos mitos e slogans do “homem-fazedor não pensante” que vão proliferando mesmo em termos globais, alguns dos quais (por exemplo) exaltam muita da economia asiática quando esta provém da grotesca e escrava indignidade. Os fins não podem justificar os meios desumanos…
4. Se é certo que, hoje, Portugal pode ser um “laboratório gigante”, há algo que em termos de co-responsabilidade social é inadiável. É necessário olhar para o lado. Não chega agruparem-se os de sucesso em cima do seu sucesso que multiplica os milhões e as desigualdades… Como aperfeiçoar um “laboratório social” gerador de equilíbrios onde a par do mérito reconhecido dos génios também vença a inclusão estimulante dos menos hábeis?
Alexandre Cruz