A CATEDRAL DA LAREIRA
Na Catedral da Lareira
há chamas ajoelhadas,
erguendo as mãos da fogueira,
esguias como as espadas.
São poentes os vitrais…
Ardem pinheiros… Perfume…
As chamas rezam missais
com letras feitas de lume
Quero rezar com vocês!...
Ó Sol! Senhor português,
escuta o meu sonho, atende-o…
Vem ensinar-me a rezar
– tu que és o brando luar,
e a flor, o fruto, e o Incêndio…
Na Catedral da Lareira
há chamas ajoelhadas,
erguendo as mãos da fogueira,
esguias como as espadas.
São poentes os vitrais…
Ardem pinheiros… Perfume…
As chamas rezam missais
com letras feitas de lume
Quero rezar com vocês!...
Ó Sol! Senhor português,
escuta o meu sonho, atende-o…
Vem ensinar-me a rezar
– tu que és o brando luar,
e a flor, o fruto, e o Incêndio…
José Gomes Ferreira
Nota: Um livro de José Gomes Ferreira, LONGE, perdido na estante, e que me veio à mão, há dias, levou-me a pensar como a memória é curta, tantas vezes. José Gomes Ferreira é um poeta que, durante muito tempo, foi bastante falado. Hoje está simplesmente esquecido. Como ele, muitos outros, que foram, e são, grandes poetas.
LONGE foi publicado em 1921. A segunda edição, que possuo, veio a lume em 1927, quando o poeta, na altura, era Consul de Portugal na Noruega, como o atesta um seu cartão, com dedicatória a Alfredo Brochado.