sexta-feira, 13 de julho de 2007

Um artigo de D. António Marcelino

AGILIZAR O PROCESSO,
ROMPER O TECIDO, DESTRUIR OS NÓS Que desgraça nos havia de acontecer, esta de uma destruição da família, programada ou inconsciente e do casamento que lhe dá origem e a enraíza no coração das pessoas, bem como do divórcio com despacho imediato Coisa tão grande, a família, que ultrapassa uma dimensão puramente legal e não se pode entender ao sabor de gostos pessoais, passou a ser talhada à medida de gente que não a sabe nem estimar, nem respeitar. Quem no casamento é incapaz de ver um projecto de vida, sério e responsável, para ver apenas uma experiência pessoal, fugaz e anódina, não devia, por honestidade, entrar em decisões que desvirtuam e prejudicam socialmente esta instituição. Não faltam governantes, da primeira e da segunda fila, que vão no segundo e nem sei se alguns mesmo já no terceiro casamento ou união facto, por esta ser agora processo mais rápido, vantajoso e menos consequente. Como não faltam deputados em igual situação. São estes que fazem os decretos e aprovam as leis. Quem nestes ofícios parece andar, por força de cargos e encargos, a aproveitar-se para justificar a sua vida e agradar a grupos e opiniões de rua, faz-me lembrar uma onda de gente pouco consciente e responsável. Para ganharem alguma coisa, cedem a tudo. Está-se a deslizar aceleradamente. Dos tribunais passou-se às conservatórias, destas à loja do cidadão… Tudo aponta, dado que em cada dia se promete mais, a que o processo vá terminar em barraca de feira, uma vez que se anuncia e pretende que tudo seja rápido e mais barato. Uma vergonha! O que interessa é agilizar o processo e quanto mais depressa melhor, porque não se pode perder tempo a casar e a descasar, coisas que valem e significam cada vez menos. É lógico que quem não dispõe de tempo para estudar a história e ler a vida, para reflectir, dialogar, recordar momentos felizes, perdoar e aceitar o perdão, olhar com serenidade e amor os filhos gerados e criados e perceber neles o sentimento mais profundo que é de não quererem os pais divididos, não tem estofo humano e, também, não quer perder tempo em processos inúteis e morosos. De facto, se o casamento nada tem a ver com constituir uma família, nascida do amor, esse dom que nunca e por nenhuma razão se dispensa, se ele não passa de uma simples experiência, descartável e renovável, porque perder tempo a fazê-lo e a desfazê-lo? Se falarmos de dinheiro, prestígio, projectos a dar nas vistas, níveis da Europa avançada, a gente de cima isso entende-o bem. Mas se falarmos de dignidade das pessoas, respeito profundo por elas, condições indispensáveis a criar e a fomentar em ordem a um bem-estar justo e sólido, a conversa já interessa menos. Há que resistir, quanto antes, a este vendaval destruidor de pessoas concretas e dos laços mais profundos que as unem, das famílias que o querem ser de verdade e de uma sociedade humana, que vale para além dos números e das sondagens encomendadas. Em Portugal, há cada vez mais pessoas a valerem bem pouco. Está à vista. Às invasões dos bárbaros resistiram forças humanizantes, organizadas e motivadas, dispostas a ir até à morte para evitar a destruição total. A “terra queimada”, trinta anos depois da revolução, é agora o deserto dos valores éticos e o desprezo pelas pessoas e seus direitos mais legítimos e pelas instituições sociais básicas. Em democracia, diga-se. As forças morais, que não faltam em Portugal, são capazes de uma nova revolução que quebre grilhões que escravizam. Unidas num mesmo projecto, estas forças têm de vir para a rua e gritar, sem medo, e de modo a que o seu grito possa acordar e escandalizar, ao perto e ao longe, porque ao longe incomoda mais: Basta! Basta!
António Marcelino

Etiquetas

A Alegria do Amor A. M. Pires Cabral Abbé Pierre Abel Resende Abraham Lincoln Abu Dhabi Acácio Catarino Adelino Aires Adérito Tomé Adília Lopes Adolfo Roque Adolfo Suárez Adriano Miranda Adriano Moreira Afonso Henrique Afonso Lopes Vieira Afonso Reis Cabral Afonso Rocha Agostinho da Silva Agustina Bessa-Luís Aida Martins Aida Viegas Aires do Nascimento Alan McFadyen Albert Camus Albert Einstein Albert Schweitzer Alberto Caeiro Alberto Martins Alberto Souto Albufeira Alçada Baptista Alcobaça Alda Casqueira Aldeia da Luz Aldeia Global Alentejo Alexander Bell Alexander Von Humboldt Alexandra Lucas Coelho Alexandre Cruz Alexandre Dumas Alexandre Herculano Alexandre Mello Alexandre Nascimento Alexandre O'Neill Alexandre O’Neill Alexandrina Cordeiro Alfred de Vigny Alfredo Ferreira da Silva Algarve Almada Negreiros Almeida Garrett Álvaro de Campos Álvaro Garrido Álvaro Guimarães Álvaro Teixeira Lopes Alves Barbosa Alves Redol Amadeu de Sousa Amadeu Souza Cardoso Amália Rodrigues Amarante Amaro Neves Amazónia Amélia Fernandes América Latina Amorosa Oliveira Ana Arneira Ana Dulce Ana Luísa Amaral Ana Maria Lopes Ana Paula Vitorino Ana Rita Ribau Ana Sullivan Ana Vicente Ana Vidovic Anabela Capucho André Vieira Andrea Riccardi Andrea Wulf Andreia Hall Andrés Torres Queiruga Ângelo Ribau Ângelo Valente Angola Angra de Heroísmo Angra do Heroísmo Aníbal Sarabando Bola Anselmo Borges Antero de Quental Anthony Bourdin Antoni Gaudí Antónia Rodrigues António Francisco António Marcelino António Moiteiro António Alçada Baptista António Aleixo António Amador António Araújo António Arnaut António Arroio António Augusto Afonso António Barreto António Campos Graça António Capão António Carneiro António Christo António Cirino António Colaço António Conceição António Correia d’Oliveira António Correia de Oliveira António Costa António Couto António Damásio António Feijó António Feio António Fernandes António Ferreira Gomes António Francisco António Francisco dos Santos António Franco Alexandre António Gandarinho António Gedeão António Guerreiro António Guterres António José Seguro António Lau António Lobo Antunes António Manuel Couto Viana António Marcelino António Marques da Silva António Marto António Marujo António Mega Ferreira António Moiteiro António Morais António Neves António Nobre António Pascoal António Pinho António Ramos Rosa António Rego António Rodrigues António Santos Antonio Tabucchi António Vieira António Vítor Carvalho António Vitorino Aquilino Ribeiro Arada Ares da Gafanha Ares da Primavera Ares de Festa Ares de Inverno Ares de Moçambique Ares de Outono Ares de Primavera Ares de verão ARES DO INVERNO ARES DO OUTONO Ares do Verão Arestal Arganil Argentina Argus Ariel Álvarez Aristides Sousa Mendes Aristóteles Armando Cravo Armando Ferraz Armando França Armando Grilo Armando Lourenço Martins Armando Regala Armando Tavares da Silva Arménio Pires Dias Arminda Ribau Arrais Ançã Artur Agostinho Artur Ferreira Sardo Artur Portela Ary dos Santos Ascêncio de Freitas Augusto Gil Augusto Lopes Augusto Santos Silva Augusto Semedo Austen Ivereigh Av. José Estêvão Avanca Aveiro B.B. King Babe Babel Baltasar Casqueira Bárbara Cartagena Bárbara Reis Barra Barra de Aveiro Barra de Mira Bartolomeu dos Mártires Basílio de Oliveira Beatriz Martins Beatriz R. Antunes Beijamim Mónica Beira-Mar Belinha Belmiro de Azevedo Belmiro Fernandes Pereira Belmonte Benjamin Franklin Bento Domingues Bento XVI Bernardo Domingues Bernardo Santareno Bertrand Bertrand Russell Bestida Betânia Betty Friedan Bin Laden Bismarck Boassas Boavista Boca da Barra Bocaccio Bocage Braga da Cruz Bragança-Miranda Bratislava Bruce Springsteen Bruto da Costa Bunheiro Bussaco Butão Cabral do Nascimento Camilo Castelo Branco Cândido Teles Cardeal Cardijn Cardoso Ferreira Carla Hilário de Almeida Quevedo Carlos Alberto Pereira Carlos Anastácio Carlos Azevedo Carlos Borrego Carlos Candal Carlos Coelho Carlos Daniel Carlos Drummond de Andrade Carlos Duarte Carlos Fiolhais Carlos Isabel Carlos João Correia Carlos Matos Carlos Mester Carlos Nascimento Carlos Nunes Carlos Paião Carlos Pinto Coelho Carlos Rocha Carlos Roeder Carlos Sarabando Bola Carlos Teixeira Carmelitas Carmelo de Aveiro Carreira da Neves Casimiro Madaíl Castelo da Gafanha Castelo de Pombal Castro de Carvalhelhos Catalunha Catitinha Cavaco Silva Caves Aliança Cecília Sacramento Celso Santos César Fernandes Cesário Verde Chaimite Charles de Gaulle Charles Dickens Charlie Hebdo Charlot Chave Chaves Claudete Albino Cláudia Ribau Conceição Serrão Confraria do Bacalhau Confraria dos Ovos Moles Confraria Gastronómica do Bacalhau Confúcio Congar Conímbriga Coreia do Norte Coreia do Sul Corvo Costa Nova Couto Esteves Cristianísmo Cristiano Ronaldo Cristina Lopes Cristo Cristo Negro Cristo Rei Cristo Ressuscitado D. Afonso Henriques D. António Couto D. António Francisco D. António Francisco dos Santos D. António Marcelino D. António Moiteiro D. Carlos Azevedo D. Carlos I D. Dinis D. Duarte D. Eurico Dias Nogueira D. Hélder Câmara D. João Evangelista D. José Policarpo D. Júlio Tavares Rebimbas D. Manuel Clemente D. Manuel de Almeida Trindade D. Manuel II D. Nuno D. Trump D.Nuno Álvares Pereira Dalai Lama Dalila Balekjian Daniel Faria Daniel Gonçalves Daniel Jonas Daniel Ortega Daniel Rodrigues Daniel Ruivo Daniel Serrão Daniela Leitão Darwin David Lopes Ramos David Marçal David Mourão-Ferreira David Quammen Del Bosque Delacroix Delmar Conde Demóstenes

Arquivo do blogue

Arquivo do blogue