terça-feira, 17 de julho de 2007

As Sete Maravilhas de Portugal








Fotos, de cima para baixo:
Fachada principal,
Torre vista do Claustro,
Túmulo de D. Pedro I,
Túmulo de Dona Inês de Castro




MOSTEIRO DE ALCOBAÇA


O meu roteiro de férias contempla sempre a vertente história e monumental. Por onde quer que passe, dou comigo à procura do que nos foi legado pelos nossos antepassados. Depois, aprecio, leio o que encontro à mão, fotografo e registo na memória o que tem mais interesse.
Do Mosteiro da Batalha, passei a Aljubarrota. A seguir, rumei a Alcobaça, onde repousam os restos mortais de D. Pedro I e de Dona Inês, em túmulos com as suas estátuas jacentes, perpetuando um amor até ao fim do mundo, como reza a lenda.
Mas o Mosteiro é muito anterior aos amantes que ali estão à espera dos visitantes que, logo à chegada, muitos, perguntam por eles. A Abadia cisterciense de Santa Maria de Alcobaça vem do tempo de D. Afonso Henriques, pois foi por ele fundada em 1153. Doada à Ordem de Cister pelo nosso primeiro rei, representados por Bernardo de Claraval, a abadia começou a ser construída 25 anos depois da chegada dos monges brancos, concretamente em 1178. Foi uma das mais poderosas abadias da Ordem de Cister, de raiz beneditina, apresentando uma arquitectura austera e grandiosa, bem ao espírito daquele que viria a ser S. Bernardo, tão importante para a construção e identidade da Europa.
Claro que muito do que hoje podemos apreciar sofreu grandes alterações e readaptações. Mas a parte do Mosteiro que está aberta ao público é a mais expressiva, remontando ao período medieval. Os nossos olhos não podem deixar de ficar extasiados perante a beleza sóbria e convidativa ao silêncio da Sala do Capítulo, do Parlatório, do Dormitório, da Sala dos Monges e do Refeitório, com o seu Púlpito do Leitor, uma peça arquitectónica muito bela.
A visita ao Mosteiro de Alcobaça transporta-nos até à corte do nosso rei fundador, através de um conjunto de painéis de azulejos que nos contam a história da doação de D. Afonso Henriques a Bernardo de Claraval. Mas todo o conjunto do Mosteiro nos convida a recuar ao tempo em que os monges da Ordem de Cister ali viveram, tendo por normas de vida o coro, a oração, a penitência e o trabalho manual.
A Ordem de Cister desenvolveu-se a todos os níveis, em Portugal e em toda a Europa. Também a vida monástica se foi adaptando às exigências das épocas. Com as riquezas que vinham das suas vastas propriedades, foi possível empreender grandes obras e reformas. Ali se ergue, à época, uma das maiores livrarias do reino, renovam-se os altares segundo novos gostos e o fausto da abadia atinge o máximo no século XVIII.
Em Alcobaça, tudo respira a herança cisterciense. Nem sequer faltam os doces conventuais e os licores com segredos ancestrais.
Com a extinção das Ordens Religiosas, em 1834, os monges são obrigados a abandonar o Mosteiro. Parte do seu recheio desaparece, encontrando-se muitas peças disseminadas por diversos museus. A Biblioteca é desmembrada, espalhando-se o seu espólio pela Biblioteca Nacional e pela Torre do Tombo.
Em 1985, a UNESCO classificou este Monumento Nacional como “Património Cultural de toda a Humanidade”. Recentemente, os portugueses ajudaram a classificá-lo como uma das sete Maravilhas de Portugal. Por tudo isso e por tudo o mais que não é possível sublinhar aqui, convido os meus leitores a passarem por lá durante estas férias.
Fernando Martins

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