Abstenção no referendo
ao aborto
"vai ser fatal outra vez"
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A abstenção pode ser fatal outra vez." É a convicção de D. José Policarpo alicerçada na sua constatação de que há muitos cidadãos com dificuldade em abordar o aborto. Palavras de uma entrevista realizada na tarde de quinta-feira no seu gabinete do Patriarcado de Lisboa.
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Portugal vai votar, tudo indica, um novo referendo sobre o aborto. A Igreja Católica vai fazer campanha?
A questão é fundamentalmente de consciência. As campanhas têm uma marca partidária e servem para convencer os votantes para a justeza da escolha de um projecto político. Esta é uma questão transversal. Se há pessoas que têm já uma posição completamente tomada, tudo leva a crer que há uma camada da população para quem a questão é dolorosa, incómoda. Se a campanha for motivada no sentido de um debate esclarecedor das consciências, não teria dúvida nenhuma em dizer que entro na campanha. Se a campanha se assemelha à anterior, a uma campanha partidária, penso que aí não é o meu lugar. Gostaria que as pessoas não perdessem a calma...
O ideal seria não haver campanha? Os cidadãos já têm uma convicção...
Não sou tão optimista. Há muitas confusões. Só podem ter uma posição absolutamente assumida quanto à legalidade da interrupção de uma vida no seio materno por duas razões: ou porque têm dúvidas sobre quando começa a vida ou porque não respeitam a vida. O processo é oculto, dinâmico e progressivo desde a fecundação ao nascimento. A medicina fez avanços extraordinários, mas há dúvidas. Em que momento começa a vida?
Essa é uma questão que pode ser esclarecida.
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Leia toda a entrevista no DN