PROCISSÃO PELA RIA DE AVEIRO
ATRAIU MUITA GENTE
Como sempre, a procissão pela Ria, com saída do porto de pesca longínqua, na Cale da Vila, Gafanha da Nazaré, rumo ao Forte da Barra, atraiu muita gente. O cais estava cheio de pessoas que gostam de presenciar o ambiente. Pelo que vi, por ali estavam muitos gafanhões, mas também aveirenses e ilhavenses, que ano após ano renovam o gosto de ver e de passear pela Ria. Os barcos, de todos os tamanhos e feitios, iam repletos.
Para mim, que tive o prazer de estar com o antigo prior da Gafanha da Nazaré, Padre Miguel Lencastre, que iniciou, na década de 70 do século passado, esta procissão, em honra de Nossa dos Navegantes, que se venera no Forte da Barra, a festa deste ano teve um valor especial. Com ele, recordei o que foram esses tempos, em que foi preciso dar novo fôlego às festas paroquiais, e percebi, então, quanto o Padre Miguel estava feliz, por mais uma vez se encontrar com os paroquianos que não o esquecem.
Ontem, sábado, participou na missa de acção de graças que se celebrou no Stella Maris, presidida pelo prior da Gafanha da Nazaré, Padre José Fidalgo. Naquela casa me falou da sua alegria por estar nesta terra, do prazer de conviver com o povo, de entrar no Stella Maris, uma estrutura diocesana vocacionada para o apoio aos homens do mar, que soube dinamizar após o 25 de Abril e que ainda se mantém actual, nesta altura em fase de reestruturação, em obediência às exigências de hoje.
Alguém me segredou a importância desta festa e desta procissão. “Podiam acabar todas as festas, mas acho que esta devia continuar, porque é sentida de modo especial pelas populações desta região.” Concordo. Mas também compreendo que o sortilégio da festa em honra de Nossa Senhora dos Navegantes vem muito da procissão pela Ria. A Ria de Aveiro é um pouco, ou muito, a matriz das nossas sensibilidades. Somos, de certo modo, filhos da laguna, cujos cheiros, cores e sabores nos invadem desde a nascença. Nós, os povos ribeirinhos, nascemos inundados pela maresia. Ouvimos, na serenidade da noite, o mar e a ria, e os nevoeiros matinais até parece que vêm salgados. Por isso, o encanto de tudo o que acontece de bom na Ria.
Fernando Martins