ONDE ESTÁ
O COR DE ROSA
NA NOSSA VIDA?
Caríssimo/a:
“Nada mais encantador...”
Com estas palavras também a mim me apetece iniciar, pois este gosto por descobrir papéis amarelados leva-me , por vezes, a encontrar iguarias bem inesperadas (ou pelo assunto, ou pela forma da abordagem, ou por quem o escreve, ou por tantas e tantas outras válidas razões....).
Desta vez, vou dar voz a Guerra Junqueiro e sereis vós a dizer o que pensais sobre este mais do que invulgar escrito. Vem comigo e delicia-te, pois, por causa das dúvidas, até mantenho a ortografia. É assim:
“Nada mais encantador de que essa bela quadra da vida denominada a «lua de mel».
A existencia é então uma suave melodia, uma doce ecloga cantada pelo coração, um sonho côr de rosa, um constante sorriso, um extase arrebatador.
Nesse alegre arroubamento, as horas deslisam sem as sentirmos, porque do alto da felicidade não se ouvem os remores do mundo; ouvem-se apenas as harmonias celestiais.
Os entes embriagados da ventura, esquecem os relogios e os almanaques e tudo o que se prende á vida comum.
No poético priodo chamado «lua de mel» dilata-se o coração com a plenitude dos intimos gosos, que são os que mais satisfazem.
Quando a igreja sancciona o amor que inspira o ente que nos fez vibrar o coração, o amor augmenta os enthusiasmos por vel-os mais justificados.
O amor sanccionado pela igreja é santo, puro, ethéreo e angélico.
Os seres dominados por este sentimento immaterialisam-se e aperfeiçoam-se, porque sendo o amor legitimo uma virtude inspira tudo quanto há de bom.
Os nossos sentimentos purificam-se nesse fogo sagrado e convertem-se em grinaldas de castas e nacaradas ilusões.
Oh! amor santo! Sê sempre o nosso pharol para não nos perdermos no oceano das paixões bastardas. As paixões bastardas nascem na discórdia do mundo; o amor conjugal, no céu. Esse amor de origem tão elevada é sereno e tranquilo; as más paixões são agitadas e tempestuosas.
Casar sem amor é profanar o mais respeitavel de todos os sentimentos; casar sem amor é suicidio moral.
Os desgraçados que contráem este laço por frios calculos nunca terão «lua de mel».
O matrimonio teve por base o afecto mutuo de dois corações.
Os seres estreitados por este suave laço reduzem os pezares da vida á metade e centuplicam as felicidades.”
O recorte de jornal, onde se encontra o que aí está, tem para mim um sabor muito especial, porque foi extraído de um jornal luso-americano e guardado por meu estimado Sogro (que mourejou como emigrante, nos Estados Unidos, nas décadas de vinte e trinta do século XX).
Fica, pois, como um apelo ao cor de rosa na nossa vida.
Como está o meu cor de rosa?
E o teu?
Manuel