NAUFRÁGIO
Não era por mal…
A onda que vinha
não vinha por mal.
Mas veio, mas veio…
E logo a barquinha
partiu pelo meio.
Nem homens, nem velas.
– : Quanto a bordo ia,
com fé abalara,
morreu já sem ela.
Mas, se a onda veio,
não veio por mal:
era irmã daquela
que chegou à praia,
que embala barquinhos
de meninos pobres.
Os meninos brincam.
Navegam em barcos
feitos de cortiça,
feitos de jornal.
Quase à mesma hora,
longe, os pais naufragam
sem nenhuma ajuda.
Mas não é por mal…
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In "Cabo da Boa Esperança"