terça-feira, 8 de agosto de 2006

Um poema de Sebastião da Gama

NAUFRÁGIO 
Não era por mal… 
A onda que vinha 
não vinha por mal. 

Mas veio, mas veio… 
E logo a barquinha 
partiu pelo meio. 

Nem homens, nem velas. 
– : Quanto a bordo ia, 
com fé abalara, 
morreu já sem ela. 

Mas, se a onda veio, 
não veio por mal: 
era irmã daquela 
que chegou à praia, 
que embala barquinhos 
de meninos pobres. 

Os meninos brincam. 
Navegam em barcos 
feitos de cortiça, 
feitos de jornal. 
Quase à mesma hora, 
longe, os pais naufragam 
sem nenhuma ajuda. 

Mas não é por mal…
::

 In "Cabo da Boa Esperança"

1 comentário:

  1. obrigada pelo seu blog vamos lá pela positiva, embora às vezes seja difícil.

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