Brincadeiras de Menino, 2006, Acrílico sobre tela, 90x80 cm
JÚLIO PIRES: Um pintor a visitar
Há dias encontrei-me com um artista que desconhecia. Num ambiente em que se sente bem e que o completa: uma galeria de arte, a OP ARTE, na Gafanha da Nazaré. É um pintor ilhavense, que reflecte, num rápido contacto, uma serenidade que impressiona. Senti que não gosta de falar da sua arte. Gosta, porém, que sejam os outros a falar dela. É o que faço aqui, neste meu espaço, sem preocupações críticas. Deixando, contudo, que a minha sensibilidade diga o quanto gostei de apreciar nas suas telas, carregadas de cor. Mais luz e sombras dos nossos ares, com a Ria e o Mar a deixarem marcas que artistas, como ele, perpetuam. Por isso, digo que o Júlio Pires merece uma visita, onde quer que se encontre: nas galerias onde expõe, nas telas que se vão espalhando por casas de gente de bom gosto, no seu ateliê, que fica na Avenida João Vaz e Silva, Lote 4, na Praia da Vagueira, e no seu “site”, que mora em www.juliopires.com
Os quadros que apreciei projectam-me para cantos e recantos da sua e nossa terra, e para mais além, ora carregados de cores fortes, ora de silhuetas que fazem sonhar, mas sempre com traços firmes que denotam o domínio das técnicas que experimenta, ou não fosse o artista um autodidacta que tem, como deve ter, a ânsia da procura e o desejo de chegar mais longe na arte que nunca mais pode abandonar.
De quando em vez mostra-nos rostos que nos são familiares, tais são o rigor das feições e a expressividade de certos olhares e posições, das nossas gentes e de gentes de outras bandas, que Júlio Pires fixou de diversos pintores e de várias culturas. Aqui chegando, permita-me o pintor ilhavense que lhe diga que a sua arte, para se impor, não precisa, assim tanto, de sair dos horizontes que lhe enchem a alma, embora tenha o direito, como outros, de se deixar impressionar por outras formas de ser e de estar na vida, neste Portugal de tantos contrastes.
Júlio Pires é natural de Ílhavo, onde nasceu a 30 de Outubro de 1964. É um autodidacta, criando o seu próprio percurso no caminho das Artes Plásticas. Frequentou em 1987 um curso de desenho e pintura no Grupo A.C.V. na Fundação Calouste Gulbenkian, sob a direcção de Pedro Andrade. Profissionalmente, foi pintor na Fábrica de Porcelanas da Vista Alegre. Porém, é nas telas que encontra a sua realização pessoal e a sua forma de expressão, que os ílhavos, e não só, têm a obrigação de muito mais valorizar.
Júlio Pires já foi contemplado com vários prémios, fazendo parte a sua pintura do acervo de diversas colecções particulares. Está representado, também, em instituições portuguesas e estrangeiras, tendo participado em 34 exposições individuais e 24 colectivas.
Fernando Martins