Nasci à beira-mar, com a Ria a abraçar-me com ternura. Silenciosamente, serenamente, a desafiar-me para viagens com horizontes marinhos. Nunca, porém, consegui chegar a esse desígnio. Limito-me a sonhar.
Uma marina, onde quer que a encontre, é sempre um desafio para que o sonho de viajar de barco me leve a outras paragens, a outras terras e a outras gentes. E foi o que me aconteceu, há dias, com a imaginação a vogar para além da tranquilidade do dia-a-dia. Dentro de um barquinho destes. Não com tempestades, mas com a bonança com que sempre alimento o meu espírito.
O mar continua a puxar-me e a atrair-me, desde a infância que já está longe. E se não posso responder a esse chamamento, ao menos deixem-me alimentar o sonho de um dia partir de uma qualquer marina para ir ao encontro de outros.
Fernando Martins