quarta-feira, 7 de junho de 2006

Um artigo de Alexandre Cruz

Uma bandeira
nas pernas As coisas são como são, mas também como as fazemos. E o certo é que a força popular fez do futebol o maior espectáculo dos tempos modernos. Goste-se ou não se goste, aprecie-se ou não as jogadas e os golos, mas a força que contagia está sempre garantida. E ninguém obriga ninguém, não há nenhum imperativo obrigatório que crie a necessidade de ver, acompanhar, apostar. É o gosto de cada um a comandar toda esta multidão planetária, ainda que depois cada um seja comandado por todo um enredo de circunstâncias e factores que fazem do futebol algo de quase “sobrenatural” em que tudo se compreende, tudo se compra e tudo se perdoa. As emoções preparam-se para chegar ao rubro (seja na vitória seja na derrota) como se estivesse em causa a salvação nacional, dias imaginários que vêm encher de cor os dias tristes das mais variadas dificuldades ou mesmo os dias queimados dos incêndios da época que abriu com o mês de Junho. Mais que o futebol jogado no campo, a guerra da bola hoje é outra bem diferente. Contudo, “do mal o menos”, que seja em campos de futebol que as batalhas deste século sejam realizadas! Trata-se de uma autêntica guerra de estrelas, impensável racionalmente…por isso já há muito tempo que a razão fugiu desta impressionante emoção. Cada chuteira, cada camisola, etiqueta, o mais insignificante pormenor vale milhões! O mundo “está” na Alemanha, cada segundo de publicidade vale ouro; está em jogo um investimento publicitário de mil milhões de euros, destes a FIFA arrecadará 258 milhões, em audiências de biliões “espaciais” de pessoas; entre nós, cada rádio e cada televisão tem pelo menos um hino, uma camisola; cada anúncio fala de bola, de vitória, da bandeira como símbolo de que desta é que vai ser. Não deixa de ser cómico que quando Portugal nos Sub 21 foi afastado (por mérito próprio!...) em viagem de carro eis que o hino futebolístico da rádio fortemente gritava “Portugal é campeão, Portugal é campeão!” Que coisa ridícula esta em que pomo-nos em bicos de pés, pensando que no mundo só nós é que existimos! Ao menos faça-se o hino a pensar na mediania, ou então crie-se também o hino da derrota!… Bom, que Portugal é campeão das expectativas e da envolvência emotiva ao redor deste “algo” que nos motive, lá isso é verdade! Quando sabemos que no Brasil não há nenhum jornal diário de futebol e que a festa faz parte do samba no país campeão, comparando com os nossos diversos jornais diários dedicados à bola e à promoção exacerbada da bola, escabulhando tudo até ao insignificante pormenor que alimente polémica, então apercebemo-nos do estado das coisas. Damos importância demais ao que tem pouca importância, sobrevalorizamos o que não tem valor no verdadeiro sentido dos valores, tornamos deuses atletas que correm atrás da bola (sendo certo que têm mérito mas façam o que fizerem, nem que venha um cartão vermelho, estão sempre “na maior”!), ouvimos o treinador Mourinho como se fosse o salvador da honra e da auto-estima da pátria. Levamos o futebol a sério demais apurando tudo ao pormenor, e noutras matérias, definitivamente importantes, muitas vezes, perdemo-nos e afundamo-nos em meias tintas! Hoje, estes minutos, há meio mundo a explorar as emoções e projectar todas as esperanças contra outro meio mundo! Não duvidemos, não somos os únicos a olhar o céu…este discurso vitorioso, ampliado pela força comercial e publicitária faz como que em todos os países todos sejam campeões! Agora o mais importante será não embarcar demais na vitória antecipada, até porque emoções rima com desilusões e depressões! Naturalmente que desejamos aos nossos especialistas investigadores da bola, seres “sobrenaturais” (isentos de toda a mácula façam o que fizerem ou digam o refrão de banalidade que disserem, cumpram ou não com o fisco, façam ou não “algo” de bom a sério por este mundo – e tanta obrigação teriam para isso! -,…), desejamos o melhor caminho, a melhor dignidade possível nesta representação desportiva, como o mesmo esperamos de todas as modalidades desportivas, iniciativas e causas que nos iluminem. Ao cidadão comum, que muitas vezes projecta em excesso toda a sua “esperança” no desporto Rei (que muito apreciamos!), mais vale a prudência que a euforia. Neste Mundial, como habitualmente, vamos perder! E no dia seguinte tudo continua como dantes, até porque é possível viver sem o futebol! Já agora, “não é por nada”, até seria bem interessante, depois da magnífica “jogada” do Euro 2004, que não perdêssemos nenhum jogo!... Mas para lá chegar ao triunfo, como em todos os campos da vida, não são os nomes das camisolas nem as bandeiras das casas que marcam o golo. É preciso humildade e espírito de sacrifício, o mesmo é dizer: colocar uma bandeira de motivação (esta, a chave da vitória) nas “pernas” e na vida de todos os dias!

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