António Marujo, do Público, recebe no dia 6 de Julho o prémio europeu de “jornalista religioso do ano”. A cerimónia decorrerá na Catedral da Igreja Lusitana (Anglicana), no Largo de Santos-o-Velho, em Lisboa. É a segunda vez que o jornalista com origens em Aveiro recebe o prémio.
Habituado a fazer as perguntas, desta vez responde ao Correio do Vouga.
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Correio do Vouga - A justificação do júri do prémio diz que os seus textos “são autêntica escrita sobre religião e não escrita sobre a Igreja (…). Feitos por alguém que não está fascinado com a Igreja, mas com algo mais profundo que é o mistério da própria religião”. É o “mistério da religião” que o fascina?
António Marujo – O júri entendeu bem as motivações profundas que me levam a fazer este trabalho: não tanto por parecer colocar em alternativa a Igreja e a religião, mas por perceber que o que me move é a tentativa de perscrutar o mistério da humanidade e da transcendência – que são uma e a mesma coisa, pois quanto mais humanos somos, mais nos transcendemos. A esse mistério, os crentes dão o nome de Deus. E à relação com Deus dá-se o nome de religião, traduzindo essa vontade de ligar dimensões aparentemente distantes. Por isso, posso dizer que realmente me fascina o mistério do religioso que mulheres e homens vivem, mesmo se essa dimensão está muitas vezes escondida. Hoje, aliás, atravessamos um tempo em que muita gente vive a relação com Deus para lá das instituições religiosas. Mesmo no interior do catolicismo, as formas de relação com a Igreja são cada vez mais diversificadas. O que traduz, entre outras coisas, a vontade de se ligar à dimensão profunda de Deus que cada pessoa sente que transporta consigo, mesmo se isso significa exprimir essa relação com Deus com expressões por vezes diferentes do resto da comunidade.
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