Brasil sem
jornais diários
desportivos
José Carlos de Vasconcelos, director do JL – Jornal de Letras, Artes e ideias e coordenador editorial da revista Visão, disse há dias, em Aveio, no CUFC, que o Brasil, decerto a maior potência mundial do Futebol, em termos de entusiasmo do povo, não tem jornais diários desportivos. Os apaixonados do Futebol vão aos estádios para viver a festa mais popular dos brasileiros, participando activamente, com a sua alegria, no espectáculo. E são mais de 180 milhões de pessoas.
Em Portugal, com dez milhões de portugueses, há três diários desportivos, que ocupam os primeiros lugares ao nível das tiragens. E todos os outros quotidianos, mais os semanários e até os mensários, não dispensam as páginas consagradas ao desporto. O mesmo acontece com as rádios e com as televisões. Dá a impressão que os desportistas portugueses preferem ler os mexericos e guerrinhas que enchem esses jornais, deixando às moscas, a maioria das vezes, os belos estádios construídos para o Euro 2004.
Ainda há tempos, no jogo que permitiu a festa da subida do Beira-Mar à Superliga de Futebol, o Estádio Municipal não conseguiu juntar mais de 7500 espectadores, ou seja, um quarto da capacidade das bancadas. Os nossos compatriotas são, afinal, desportistas de notícias, nanja do jogo propriamente dito.
De tal maneira é assim, que até as televisões e rádios exploram essa faceta dos portugueses. A saída ou contratação de treinadores ou de jogadores, os candidatos a presidentes dos clubes, as tricas dos dirigentes e outras banalidades do mundo desportivo enchem os noticiários a todas as horas, até à exaustão. Tudo o mais é relegado para segundo plano. É pena.
Fernando Martins