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O CÃO E O LOBO
Ia, uma vez, um lobo por um monte abaixo,
Quase a cair de fome e a tiritar de frio,
Na forma do costume descendo ao riacho
Que sempre lhe molhava o ‘stômago vazio.
Nisto, encontrou um cão, nutrido, luzidio,
Vaidoso da coleira que lhe pôs o dono.
Conversaram … Por fim, diz o cão: – Tem lá brio;
Não precisas de andar por ‘í ao abandono.
Concordou nisso o lobo: – Parece castigo,
P´ra aqui eu sem jantar’s, nem ceias, nem almoços.
– Pois é, tornou-lhe o cão, não há necessidade.
Vou arranjar-te um dono. Vem daí comigo.
Terás uma casota, e côdeas, caldo e ossos.
Mas a resposta foi: – Prefiro a liberdade!
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In “Sinfonia de Poemas de Reinaldo Matos”
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NB: Poema sugerido por Fernando Martins (Filho)