As Jornadas da Comunicação Social, que hoje se concluíram em Fátima, deixaram um apelo aos Media de inspiração cristã para que não se tornem reféns da agenda mediática.
Num painel dedicado ao “tratamento da actualidade política” nos MCS de inspiração cristã, José Luís Ramos Pinheiro, gestor da RR, afirmou que os Media têm de procurar elaborar uma agenda própria de acontecimentos, e de ser responsáveis, na difusão de conteúdos de informação política.
Nesse sentido, lamentou que, “hoje em dia, os portugueses em geral surjam algo distanciados da Política. Das suas áreas de interesse não consta a vida política”.“A Comunicação Social e as conversas diárias confundem Política com alguns políticos e os seus comportamentos. Muitas vezes cai-se em generalizações injustas para a maioria dos políticos”, frisou.
Na mesma linha se pronunciou o Pe. João Aguiar que, durante muitos anos, desempenhou o cargo de director do “Diário do Minho”. O agora presidente do Conselho de gerência da RR defende que é necessário escapar à “desconfiança permanente” relativamente aos políticos.
“A política é uma nobre arte, uma vocação e uma missão ao serviço do bem comum. A saúde da democracia passa pela estima aos que assumiram a responsabilidade da vida política”, explicou.
Esta atitude faz com que os Meios de Comunicação Social de inspiração cristã tenham de saber “ser claros na opinião e objectivos na informação, independentes política e economicamente”.
Ramos Pinheiro indicou que a quantidade de informação multiplicou-se e que, “nessa avalanche informativa, é mais fácil denunciar do que anunciar; o debate sobre aspectos pessoais sobrepõe-se ao das ideias; a necessidade de agir sobrepõe-se à indispensabilidade de reflectir”. Para este responsável, é preciso evitar o “jornalismo de moda”, subordinado às audiências ou sensacionalismo.
Notícias/opinião
Os quatro intervenientes foram unânimes em afirmar que é imprescindível “não confundir notícias com opinião”. Francisco Sarsfield Cabral, comentador, assegurou que “uma informação credível e séria não implica que não haja posições”, desde que se saiba distinguir opinião e notícia. “A imprensa escrita terá excesso de opinião, mas o pior é misturar as duas coisas”; sustentou.
Na RR, explicou José Luís Ramos Pinheiro, “a opinião editorial tem peso, não é escondida, mas tem um espaço próprio para apresentar a visão cristã sobre a vida”.
Segundo o Pe. Armando Duarte, antigo presidente da Associação de Rádios de Inspiração Cristã (ARIC), as rádios locais são, neste contexto, as mais livres, “porque fazem o seu trabalho sem estarem subordinadas a pressões”.Essas “pressões” são particularmente sentido no período eleitoral, em que todos procuram um espaço privilegiado.
O Pe. João Aguiar apresentou vários episódios que revelaram a pressão a que o director de um jornal é sujeito e o Pe. Armando Duarte apontou o dedo a “tentações de domínio monopolista” que procuram afastar as rádios de inspiração cristã do seu dever de “esclarecer os eleitores e debater ideias”.
O antigo director do Diário do Minho defendeu, para este tempo de intensa actividade política, “um olhar sereno, sem preconceito, mas realista”.