quarta-feira, 21 de setembro de 2005

D. António Marcelino em entrevista ao Correio do Vouga

Posted by Picasa D. António Marcelino "Sempre me norteou uma vontade de conciliação"
D. António completa os 75 anos, agora a idade limite para apresentar ao santo Padre a “carta de disponibilidade”. Sente-se em “fim de carreira”?
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Sinto-me sereno e tranquilo ao entrar nesta fase concreta em que os anos contam. Não é um “fim de carreira”, mas a preparação para viver, em igual dedicação a Deus e à Igreja, os meses ou anos que posso estar ainda à frente da Diocese. Um servidor do Evangelho, presbítero ou bispo, está marcado, por força da escolha e do dom de Deus, recebido na ordenação, por uma disponibilidade gratuita, total, sem condições e para toda a vida, à Igreja e aos irmãos. Por isso continua em missão, independentemente do lugar onde está, do cargo que exerce, dos anos e das capacidades que tem.
Em total comunhão com o Papa, nem outra coisa se pode esperar de um bispo, aguardo a expressão da sua vontade, como tradução do querer de Deus em relação à minha vida.
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Setenta e cinco anos de vida, cinquenta anos de Padre e trinta anos de Bispo. Um longo e diversificado percurso. Sente-se como quem deixa pegadas de paz e sementes de crescimento nas pessoas, nos grupos, nas instituições que fizeram estas suas vidas?
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Sempre me norteou uma vontade de conciliação, construção de paz e colaboração, entre as pessoas, as comunidades, as diferenças legítimas, religiosas, políticas, sociais. Não é sempre fácil permanecer neste projecto, mormente quando o campo em que nos situamos é apoiado por critérios antagónicos, porque vêem e julgam com critérios meramente humanos e eu, como não pode deixar de ser, com critérios evangélicos ou iluminados pela fé. Posso dizer que não tenho ressentimentos de ninguém e o meu interior está pacificado em relação a todos quantos passaram pelo meu caminho e, porventura, com momentos de tensão e de divergência.
O crescimento das pessoas esteve sempre em mim, como propósito e projecto de vida. Ainda na Diocese onde fui ordenado padre há 50 anos, empenhei-me em escolas de formação de leigos em Portalegre, Castelo Branco e Abrantes, em levar os documentos conciliares a toda a parte, em dar à formação lugar cimeiro nas actividades que me foram confiadas. Dei colaboração no pós-concílio a muitas diocese do país e dediquei, durante anos, as minhas férias a Moçambique, Angola e Guiné, em cursos de formação. Aproveitei a presidência das comissões episcopais para lançar as Jornadas Nacionais da Pastoral Social, da Pastoral Familiar e do Apostolado Laical, todas elas em vigor.
Na Diocese, todos sabem da minha preocupação nesse sentido. Estão nesta linha a criação do Instituto Superior de Ciências Religiosas (ISCRA), a formação básica, acção regular de formação junto dos agentes pastorais (catequistas, professores, chefes do CNE…) e a insistência “obsessiva” junto dos padres pela sua formação contínua. A semente foi lançada e continua a ser lançada. Da sua fecundidade só Deus sabe e a Igreja receberá os seus frutos. Assim espero.
(Para ler toda a entrevista, clique Correio do Vouga)

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