FUNDAMENTALISMO
:
Em Topeka, Kansas, uma espécie de tribunal vai decidir se a teoria da evolução de Darwin deve ou não ser ensinada naquele estado americano. O caso recorda a condenação, em 1925, de um professor do Tennessee por ter ensinado essa teoria. Mas a coisa agora é mais séria, embora não vá ninguém preso. Cristãos fundamentalistas mobilizaram-se nos EUA para banir das escolas o darwinismo ou, pelo menos, colocá-lo em dúvida. Em seis estados já o conseguiram.
Como qualquer outra tese científica, a teoria evolucionista não é intocável nem imune à crítica ela serve de explicação até ser desmentida pelos factos e surgir outra teoria melhor. Só que a maioria dos fundamentalistas protestantes que defendem o "criacionismo", contra Darwin, não o faz por razões científicas, mas porque lê a Bíblia de forma literal. A mesma que leva a julgar que Deus criou o mundo em sete dias, há apenas dez mil anos. Ou que a Palestina pertence aos judeus por direito divino.
Na Europa a questão foi há muito ultrapassada. A Igreja Católica, por exemplo, não tem problemas com as ideias de Darwin, que são geralmente aceites na comunidade científica mundial. E nenhum católico europeu adulto faz uma leitura literal da Bíblia. Os fundamentalistas fazem-na porque se sentem inseguros num mundo em rápida mudança agarram-se à letra, ainda que o resultado seja absurdo. É por medo e, afinal, por falta de fé autêntica que se autoconvencem de que possuem toda a verdade, na sua formulação definitiva. Dir-se-ia que, para eles, Deus não é transcendente e infinito, nem deve sempre ser descoberto em novas dimensões, na sua eterna juventude. É um Deus fechado, para dar segurança. Mas não parece o Deus de Jesus Cristo. A ideia superficial de que os americanos são muito religiosos deve ser repensada.