Talvez valha a pena voltar um pouco atrás. E revisitar, com alguma distância e serenidade, o passado mês de Abril. A partir de Roma foram transmitidos factos e notícias que marcarão certamente a história dos meios de comunicação social da nossa época. Não falaremos das técnicas utilizadas, das horas de emissão, das páginas preenchidas, das fotos carregadas de efeitos, das análises e comentários sobre a Igreja que proliferaram pelos grandes media do planeta. Ninguém se sentiu de fora, estivesse ou não de acordo com os factos (ainda há quem se arrogue o direito de estar acima das evidências) e interpretações que escorreram sobre algo que não deixou o mundo indiferente: a morte de João Paulo II e a eleição de Bento XVI.
Os media envolveram e foram envolvidos, andaram atrás dos acontecimentos e foram acontecimento, gerando uma cadeia sequencial de causas e efeitos que nem os próprios controlaram.
E no meio de tudo isto o facto religioso. Por isso a oportunidade de algumas perguntas:
- Teria sido possível liquidar, pelo silêncio, estes acontecimentos?
- A exibição do religioso não terá surgido como seta provocatória da indiferença secular?
- Estaremos perante o simples facto do todo João Paulo II e Raztinger terem sido oiro sobre azul para a sofreguidão de audimetria dos media?
- Terá sido este o acontecimento mais forte do início do século, cuja narrativa se transformou em acção catequética única da Igreja Católica a nível planetário?
Muitas mais perguntas são possíveis. Mas nunca se poderá esquecer a importância desta lição da Igreja dada ao mundo e do mundo dada à Igreja. Foi um pacto de interesse comum pelos grandes valores espirituais do Ocidente que se foram revelando progressivamente nos rituais e palavras que os media seguiram e transmitiram profusamente. E não se diga que foram os códigos secretos (Da Vinci ou não) do Vaticano que geraram todo esta procura inexplicável. Foi, antes, o sentido profundo da vida dum homem como João Paulo II, que não se entende sem o cristianismo, ou duma Igreja que se perpetua e renova na eleição dum novo Pontífice.
Todos, do lado da Igreja e dos media, temos que ensinar e aprender estas lições da história de que somos protagonistas e testemunhas. Ser protagonista da história é um privilégio e uma responsabilidade.