domingo, 22 de maio de 2005

Bênção e dedicação do altar e da igreja matriz da Gafanha da Nazaré

D. António Marcelino:
"Um templo sagrado não é uma casa qualquer"




D. António Marcelino presidiu no sábado, 21, na Gafanha da Nazaré, à cerimónia da bênção e dedicação do altar e da igreja matriz, depois das obras de restauro por que passou e que ultrapassaram os dois milhões de euros. 
A remodelação foi profunda e denota um bom gosto que valoriza ainda mais a sobriedade que marca todo o conjunto, com a bonita e primitiva imagem de Nossa Senhora da Nazaré a sobressair na decoração fronteira da capela-mor, de talha dourada. 
No momento da bênção, o nosso Bispo lembrou a importância do altar, ao sublinhar que "a dádiva de Cristo, a eucaristia", parte dele. Também recordou o significado da mesa da Palavra, o ambão, e do sacrário, para adoração do Santíssimo Sacramento e para recolhimento. "Um templo sagrado não é uma casa qualquer", disse D. António, que enalteceu também a beleza conseguida pelo pároco, Padre José Fidalgo, e seus mais directos colaboradores, salientando que "Deus tudo merece". E acrescentou: "O Padre José Fidalgo fez tudo com muito amor."
O Bispo de Aveiro realçou o mérito de ter sido recuperada a traça inicial da igreja matriz. Louvou, ainda, todo o toque "de arte, amor, perfeição e beleza" posto nas obras de restauro deste templo, numa perspectiva de melhor "servir uma paróquia com a dimensão e a importância que tem hoje a Gafanha da Nazaré". 
Ao dirigir-se às autoridades presentes (Governador Civil, Filipe Neto Brandão; presidente da Câmara de Ílhavo, Ribau Esteves; e presidente da Junta de Freguesia, Manuel Serra) o nosso Bispo frisou o bom relacionamento com todas elas, "como não podia deixar de ser", referindo que "a Igreja de Deus é um projecto sempre em construção", e que "o Senhor é louvado, na medida em que O servirmos, servindo os outros". 
Para o Padre José Fidalgo, a construção de paredes é tarefa normalmente fácil. Importante é mesmo seguir o mandamento do Senhor, "amai-vos uns aos outros como Eu vos amei", para que nesta terra [Gafanha da Nazaré] "não haja divisões nem querelas", disse. Adiantou que as enormes despesas do restauro da igreja matriz foram suportadas pelo povo, não deixando de apelar ao Governo e às autarquias para que ajudem de forma mais significativa, porque "o dinheiro nas nossas mãos cresce mais". 
O templo e o complexo anexo, com poucos trabalhos por concluir, inserem-se num projecto - frisou o Padre Fidalgo - de construção de uma comunidade "verdadeiramente humana, nas vertentes cultural, social e religiosa".

Alicerces antigos recebem templo moderno 

A igreja agora restaurada assenta na primitiva, que foi inaugurada em 1912. No fundo, para quem olha, trata-se de um templo novo, tal é a magnitude das obras levadas a cabo. Foi respeitada a traça original, com realce para a torre sineira e para a cor branca, tão típica da região das Gafanhas. O arco maior, que separa a nave principal da capela-mor, é da primeira igreja O corpo do templo apresenta-se bem decorado, garantindo espaço para 500 pessoas sentadas. 
O material utilizado, granito e madeiras de qualidade, via-sacra que casa bem com todo o ambiente, vitrais e iluminação funcional mostram o cuidado colocado neste projecto, que há-de perdurar no tempo. 
Um elevador servirá idosos e deficientes e a escadaria exterior, com alguma imponência, empresta uma certa beleza à frontaria da matriz da Gafanha da Nazaré. O adro, de granito e com grades, e ajardinado lateralmente, acolhe a estátua da padroeira, de bronze. Há dois auditórios, salas diversas, para catequese e reuniões, cartório paroquial, sala de audiovisuais, gabinetes, sacristia e sanitários. 
Como curiosidade, registe-se a existência de uma sala, ligada à nave central, alimentada por um circuito interno de televisão, sobretudo para os pais com filhos mais barulhentos poderem continuar a participar nas cerimónias. O templo possui aquecimento central, aparelhagem sonora afinada e um órgão de tubos. 
A capela do Santíssimo ocupa um espaço lateral, resguardado, que convida à meditação. Como pormenor a destacar, há o brasão da paróquia em diversos locais, nomeadamente nos bancos, com as marcas do povo que tem feito a Gafanha da Nazaré, através dos tempos, ligado ao mar e à agricultura.

 Fernando Martins



NB: Leitor atento alertou-me para algumas incorrecções, o que agradeço, a saber: O órgão não é de tubos, mas electrónico, "Viscount Prestige 1", com acoplamento de duas caixas de tubos, num total de quatro registos; os vidros das janelas são pintados e não "vitrais"

2 comentários:

  1. Caro Fernando Martins,

    Antes de mais os meus parabéns pelo artigo aqui publicado.

    No entanto não posso deixar de salientar algumas correcções no seu artigo. A saber:

    - a igreja não possui um órgão de tubos; possui sim um órgão electrónico "Viscount Prestige I", com acoplamento de 2 caixas de tubos, num total de 4 registos.

    - na nave central da igreja, deparamo-nos com um exacerbamento da decoração das janelas onde a talha dourada ofusca toda a "beleza" das pinturas nos vidros das janelas e não dos "vitrais" como tantas vezes são apelidados. O verdadeiro vitral é feito de pequenos pedaços de vidro colorido, recortado e unido entre si através da típica calha de chumbo ou, mais recentemente, unido através de silicone.

    Segue excerto da web page - http://vitrama.dk3.com/

    [ Pintura (falso vitral)
    Feita como na pintura em tela, sendo esta substituída por vidro e usadas tintas translúcidas adequadas.

    É o "parente pobre" do vitral, em virtude da pequena longevidade do produto, que é facilmente afectado pelas radiações solares, pela oxidação do ar e pela humidade.

    Encontra-se geralmente em feiras de artesanato e em escolas para amadores de decoração e lavores e o seu preço é geralmente bastante acessível. ]


    Além de todas estas, ainda poderia destacar outras tantas... mas essas deixo-as para outra altura.

    Obrigado pelo seu trabalho e até breve!

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  2. Os meus parabéns ao senhor Luís que sabe distinguir um orgão verdadeiro, ou seja, de tubos, de um órgão electrónico, imitação grosseira do anterior, mas que infelizmente muito prolifera pelas igrejas portuguesas afora.

    É bom clarificar que a junção de caixas com tubos aos órgãos electronicos não passa de uma estragégia de marketing, levando os párocos e responsáveis a pensar que estão a adquirir um órgão de tubos, o que é falso!

    O problema é que as pessoas desconhecem que um órgão de tubos pequeno é mais barato que a maioria dos órgãos electronicos que invadiram as igrejas sem respeito pelos princípios litúrgicos, acústicos e estéticos, enfim musicais, levando a mal-formações da prática organística!

    Obrigado pela palavra e parabéns mais uma vez.

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