José Sócrates |
Estávamos habituados a saber, pela comunicação social, logo depois das eleições, quem eram os futuros ministros do novo Governo. Por linhas directos ou indirectas, tudo se sabia, e logo começavam as análises aos currículos dos propalados futuros membros do executivo, em que se sublinhavam os aspectos positivos e negativos de cada um. E quem sabe se não se iniciavam aí as pressões para que o indigitado primeiro-ministro optasse por este ou por aquele, respeitando as indicações dos jornais, rádios e televisões.
Quantos políticos, que poderiam dar bons ministros, não terão ficado pelo caminho, por uma ou outra crítica dos politólogos dos nossos órgãos de informação. Porém, no domingo das últimas eleições, António Vitorino, o estratega do programa eleitoral do PS, lançou um alerta. "O próximo Governo não será feito na comunicação social, nem pela comunicação social; habituem-se", garantiu o ex-comissário europeu. E pelos vistos, Sócrates está mesmo a seguir à risca este princípio de não se deixar levar por quem tem tido o hábito de vender notícias à custa de uma táctica especulativa.
O indigitado primeiro-ministro estará a trabalhar num clima tranquilo, sem pressões seja de quem for, seguindo, certamente, a sua consciência, com total liberdade e confiança do seu partido, na busca de quem tem de o ajudar a levar por diante o programa que referendou junto dos portugueses. Sócrates sabe que não pode perder esta oportunidade, mas também sabe que os portugueses estão à espera de quem lhes garanta uma vida mais tranquila e de mais futuro. Por isso, este silêncio em torno da formação do novo Governo é mesmo um silêncio de ouro.
F.M.