Sobre as últimas eleições, que ontem mobilizaram o País e mostraram que é possível afastar o fantasma das abstenções, quando há razões que põem em causa o bem-estar das pessoas, já toda a gente sabe que o PS ganhou com maioria absoluta. Isto significa que vai ter condições para levar por diante o seu programa eleitoral, sem entraves de maior. Mas será importante que ninguém se iluda. Portugal ainda não saiu da crise económica e social profunda em que se encontra desde há seis anos.
Agora chegou a vez de o PS mostrar quanto vale, isto é, se é capaz de avançar com reformas que têm sido sistematicamente adiadas, se é capaz de vencer o défice orçamental crónico em que temos estado, se é capaz de acabar com a evasão fiscal, se é capaz erradicar a pobreza que grassa no País, com mais de dois milhões portugueses a viverem no limiar da pobreza.
Agora chegou a vez de o PS mostrar que é capaz de reduzir o desemprego, criando, durante a legislatura, os 150 mil postos de trabalho que anunciou como objectivo fundamental, que é capaz de atrair investimento, que é capaz de estimular a produtividade e a competitividade, que é capaz de eliminar a burocracia que tudo emperra, que é capaz de investir na modernização do País, a todos os níveis, que é capaz levar os portugueses a terem confiança no futuro.
Agora chegou a vez de o PS mostrar que é capaz de olhar para os mais desfavorecidos, para os mais idosos, para os mais solitários, para os desempregados, para os que lutam pelo primeiro emprego, para os doentes sem médicos, para os imigrantes explorados, para os portugueses com medos ancestrais.
Agora chegou a vez de o PS mostrar que é capaz de dialogar com as outras forças políticas, com as forças cívicas, com as instituições, com o povo sem vez e sem voz, respeitando sempre as diferenças legítimas que marcam a sociedade portuguesa, propondo soluções que não ofendam as convicções das pessoas. Sem caça às bruxas, sem inundar os cargos públicos com os seus correligionários, mas dando preferência, nas suas escolhas, aos competentes, aos mais capazes, tendo em conta, apenas, os méritos de cada um, tudo isto para melhor servir Portugal.
Fernando Martins
Foto: José Sócrates, o grande vencedor das eleições legislativas